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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2005
Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo. Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi. Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro. Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí de uma escada. Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre

José Carlos ARY DOS SANTOS " Poeta Castrado "

Poeta castrado não! Serei tudo o que disserem por inveja ou negação: cabeçudo dromedário fogueira de exibição teorema corolário poema de mão em mão lãzudo publicitário malabarista cabrão. Serei tudo o que disserem: Poeta castrado não! Os que entendem como eu as linhas com que me escrevo reconhecem o que é meu em tudo quanto lhes devo: ternura como já disse sempre que faço um poema; saudade que se partisse me alagaria de pena; e também uma alegria uma coragem serena em renegar a poesia quando ela nos envenena. Os que entendem como eu a força que tem um verso reconhecem o que é seu quando lhes mostro o reverso: Da fome já não se fala - é tão vulgar que nos cansa - mas que dizer de uma bala num esqueleto de criança? Do frio não reza a história - a morte é branda e letal - mas que dizer da memória de uma bomba de napalm? E o resto que pode ser o poema dia a dia? - Um bisturi a crescer nas coxas de uma judia; um filho que vai nascer parido por asfixia?! - Ah não me venham dizer que é fonéti

SIDÓNIO BETTENCOURT " MO(nu)MENTO

Natural da ilha do PICO – AÇORES Poeta e Jornalista. Autor do Livro “ DESERTO DE TODAS AS CHUVAS ” estando prevista para breve a publicação de novo livro. Autor do cd ” BALEEIROS EM TERRA “ . Um apaixonado pela poesia, faz parte do trio de recital " PIANO , POETAS e TROVADORES ". Formado pela pianista Carla Seixas de Lisboa, o cantor Manuel Francisco Costa e pelo próprio SIDÒNIO BETTENCOURT . Apresentador do programa na ANTENA 1 - RDP Açores ” INTERILHAS“ . “ ATLÂNTIDA ” é um programa de TV que apresenta na RTP-Açores, RTP-Internacional e RTP-Madeira. MO(nú)MENTO arde a saliva branca sobre a luz .escura madrugada do desejo trazes o corpo da letra. a letra do corpo da notícia e no corpo a letra que entoa a melancolia trazes o nome do corpo que danças e não te cansas desse teu nome com cheiro a mar trazes . trazes e vagueio sobre brasas como aventureiro acostado ao muro ocioso da festa na agonia das amarras sabes a norte a sul a canal .chuvisco de

....Viver Como eu Sei...Américo Silva

VIVER COMO EU SEI Uma manhã de sol... de vento... ruidosa.. que agita com violência os ramos das árvores que o suportam angustiadas ... indefesas... impassíveis que o sentem e aceitam... que o vivem sem queixume São como nós, que também não podemos sair do caminho que a vida nos escolheu... plenas de angustias... de medos... de noites de tormenta, de pensamentos apavorados à espere que o sol chegue e dissipe a névoa da incerteza. E viver é isto... um momento de angustia... de incerteza um momento de dor... um momento de alegria... um momento de esperança... um momento de luz um momento de prazer... um momento de revolta... Sair da estrada e entrar nela de novo... é achar o nosso destino e aprender a guarda-lo é escolher na corrida vertiginosa da caminhada os momentos que vale a pena guardar Aprender a coexistir com a tormenta e a calmaria é sentir a qualquer hora do dia ou da noite que aconteça o que acontecer... haja o que houver há sempre alguém que mesmo di

Rose Arouck " EU e o MAR "

Enfrento tua imensidão infinda cheia de segredos, Querendo atirar em tuas águas revoltas todos os meus medos E me deparo comigo em degredo Pretendendo insinuar minha alma Em tua vastidão, que acomoda Os meus olhos num azul brilhante e profundo Fazendo-me esquecer as maldades do mundo. Envolvo-me pelas carícias de teus braços de algas; Mergulho, em frêmito pacífico... tu me acalmas, E deixo fluir de meu peito as incertezas Boiadas às distantes correntezas Que dilaceram-me como o despertar de um vulcão. Subo em dupla com as tuas maresias Para incluir em minhas têmporas as fantasias, Que não permitem a minha vida naufragar. Agora estamos sós, e, contemplamos o silêncio, Que elocubra os deslizes do que penso, Para em seguida, os sagarços transformar Em atobás, que inundam petulantes Meu poema, que soberbo nesse instante Luta feroz para não se afogar, afogar... afogar... no ar... no ar ...no ar.