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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2006

Desejo de Você poema de Isabel C.

Quero ver de novo, No brilho de seus olhos, Toda a intensidade do desejo Que seu olhar contém. Quero sentir, Num toque de seda, Suas quentes e doces mãos Em busca do meu ser, trazendo a sede Que saciará A fome desse amor. Quero seus dedos percorrendo meu corpo . Quero meus seios colados em você. Quero sentir seu corpo tremendo de desejo, Quero sentir de novo seu beijo, Sua boca molhada, fremente colada Quero ter você junto a mim. Quero sua língua brincando na minha, Num beijo melado e molhado Que me faz desejar e sonhar com você. Quero urgência, aqui e agora, Nesta noite fria, Com você se enroscando Em meu corpo ardente, sedento de suas mãos, Sua língua percorrendo meu corpo nu Desejoso de receber a seiva desse amor. Te desejo como nunca, Vem... Vamo-nos amar. Como o sol, ama a lua, Como a areia ama o mar, Como a noite ama o brilho das estrelas, E eu....amo você. Num amor que é eterno, O meu amor, O teu amor O nosso amor. Eu quero você.... Amor!

Mário de Sá Carneiro " Quase"

QUASE Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído Num baixo mar enganador de espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor! - quase vivido... Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim - quase a expansão... Mas na minh'alma tudo se derrama... Entanto nada foi só ilusão! De tudo houve um começo... e tudo errou... - Ai a dor de ser - quase, dor sem fim... - Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou... Momentos de alma que desbaratei... Templos aonde nunca pus um altar... Rios que perdi sem os levar ao mar... Ânsias que foram mas que não fixei... Se me vagueio, encontro só indícios... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos de herói, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios... Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí...

AMÉRICO * Terás de Vir à Minha Cabana *

Se queres ouvir a fogueira a arder o vento a soprar na rua a chuva a bater no telhado ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres ouvir uma canção no ouvido sentir um beijo na nuca uma carícia nos seios erectos ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres ver o vento a mexer as folhas o silencio no escuro profundo da noite sentir a voz do tempo que passou ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres acordar com o sol no olhar olhar pela janela o orvalho da lua nas pétalas molhadas das flores abertas ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres libertar a alma e deixa-la voar libertar o corpo e deixa-lo sentir soltar a mente e deixa-la sonhar ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres sentir o universo num momento o vulcão que acorda, a lava que corre na cama que te espera... ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA Se queres ouvir cada palavra que te escrevo em cada gota de agua que te molha em cada sorriso quente que soltas ...TERÁS DE VIR À MINHA CABANA AMÉRICO

Camilo Castelo Branco " OS AMIGOS "

Amigos, cento e dez, ou talvez mais, Eu já contei. Vaidades que eu sentia: Supus que sobre a terra não havia Mais ditoso mortal entre os mortais! Amigos, cento e dez! Tão serviçais, Tão zelosos das leis da cortesia Que, já farto de os ver, me escapulia Às suas curvaturas vertebrais. Um dia adoeci profundamente. Ceguei. Dos cento e dez houve um somente Que não desfez os laços quasi rotos. Que vamos nós (diziam) lá fazer? Se ele está cego não nos pode ver. - Que cento e nove impávidos marotos! Camilo Castelo Branco

António de Medeiros Pereira

Ser pobre é possuir Riquezas e não as dar! É ter peito e não sentir Um coração a palpitar! É ter boca e não sorrir; Ter olhos e não olhar. É ter força e não agir; É ter mando e não mandar ... É ter fome e não comer; É ter sede e não beber, Na ânsia de não gastar ... É ter vida e não viver; É ter seiva e fenecer; É ter alma e não amar! ... António de Medeiros Pereira Stª. Maria - Açores

Florbela Espanca " Poetas "

Ai as almas dos poetas Não as entende ninguém; São almas de violetas Que são poetas também. Andam perdidas na vida, Como as estrelas no ar; Sentem o vento gemer Ouvem as rosas chorar! Só quem embala no peito Dores amargas e secretas É que em noites de luar Pode entender os poetas E eu que arrasto amarguras Que nunca arrastou ninguém Tenho alma pra sentir A dos poetas também! Florbela Espanca - in Trocando Olhares