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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2007

Daniel Gonçalves do livro
* O AFECTO DAS PALAVRAS *

Se precisares de mim estou sob o teu ventre trazendo da terra a água para o teu coração quero que respires como a nossa ameixieira e como ela te ergas sobre o rosto da manhã quero que ouças o meu sangue dentro de ti como um relógio marcando o pulso da sede e que nesse sopro de música saibas o amor e nem uma palavra te atravesse a respiração DANIEL GONÇALVES ilha de S. Maria - Açores

Coisas de Chat

Recebido por e-mail Oi, quer teclar? Podemos tentar... De onde você é? Quantos anos? O que faz? Do que gosta? Nossa... quanta pergunta! Tudo bem, eu exagerei, acho que lhe assustei. Aí eu conversei com ele... um dia, dois dias... um ano... Um verão... um outono... Era pela manhã no começo... depois viramos tudo pro avesso Era de tarde... de noite... de madrugada, Não tinha mais hora marcada. Eu corria pro computador e quando não o encontrava... Ai que dor! Eu gostava das suas palavras... Até daquela risada que eu não podia ouvir, Mas que o meu coração podia sentir. Oieeeeee... tava te esperando!!! Oi amor... eu tava trabalhando Escrevi uma coisinha pra você, quer ver? Claro, pode mandar, eu sei que vou gostar. " Quando amanhece o dia e você não vem, O meu sol não brilha e eu choro pela falta da sua companhia." Ah... que lindo... tô aqui lhe sentindo! Como o amor virtual... não tem igual A gente diz tudo que pensa, tudo que precisa, Tudo que é permitido e até o que é proibido.

SELO DE AMOR poema de GUEVARA ( séc.XV)

Aquelas noites penosas meditando em bem amar-vos, com palavras dolorosas eu jurei nunca deixar-vos: estando neste dulçor de agradável pensamento, eu não tendo mal de amor selei este vencimento. Eu selei em vós vencer-me, não me vencer por errores, e selei, selei perder-me por vossos lindos amores: e selei obras iguais ao meu viver, e selei que nunca mais, nem dos males, me arrepender. E selei sempre seguir-vos, pelo não, não ser queixoso, e selei, meu bem, servir-vos, de bom grado, o mais gracioso: e selei a morte e a vida sendo contente e loução, selei que a minha ferida merecesse a vossa mão. E selei suplícios faltos do peso que não venceu, e selei suspiros altos para o vosso servo eu: e selei triste tormento, tormento que me atormenta e selei viver contento se de tudo sois contenta. Tradução de José Bento

LÁGRIMA DE PRETA poema de António Gedeão

Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar. Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente. Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio. António Gedeão

SUPREMO ENLEIO poema de Florbela Espanca

Quanta mulher no teu passado, quanta! Tanta sombra em redor! Mas que me importa? Se delas veio o sonho que conforta, A sua vinda foi três vezes santa! Erva do chão que a mão de Deus levanta, Folhas murchas de rojo à tua porta... Quando eu for uma pobre coisa morta, Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta! Mas eu sou a manhã: apago estrelas! Hás-de ver-me, beijar-me em todas elas, Masmo na boca da que for mais linda! E quando a derradeira, enfim, vier, Nesse corpo vibrante de mulher Será o meu que hás-de encontrar ainda ... FLORBELA ESPANCA