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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2009

AÇORES..... poema de VITOR CINTRA

Nove ilhas de beleza deslumbrante, Surgidas do profundo mar imenso, Que o mundo conheceu porque o Infante Tornou o nevoeiro menos denso. Encostas de mosaicos verdejantes Elevam-se, rumando ao infinito. Hortênsias, feitas sebes, são constantes, Tornando o colorido mais bonito. Ali, onde gigantes residiram, Os cumes das montanhas que explodiram, Tornados em lagoas de beleza, Relembram, aos herdeiros dos atlantes, Que até já os primeiros navegantes Sabiam respeitar a natureza. VITOR CINTRA do livro " Entre o Longe e o Distante "

NO MEIO DO MAR poema de " JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO "

Nasci nas ondas que beijam As encostas dum vulcão… E quando à noite adormeço A minha terra é o berço Que embala o meu coração! Por tecto só tenho nuvens Meu horizonte é o mar … Se tivesse asas, um dia, Certamente que partia Para nunca mais voltar. ……………………………. Querer partir e não ter Um chão para caminhar! JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

Sim, Sei Bem ....poema de FERNANDO PESSOA

Sim, sei bem Que nunca serei alguém. Sei de sobra Que nunca terei uma obra. Sei, enfim, Que nunca saberei de mim. Sim, mas agora, Enquanto dura esta hora, Este luar, estes ramos, Esta paz em que estamos, Deixem-me crer O que nunca poderei ser. FERNANDO PESSOA

O Sonho...poema de....SEBASTIÃO DA GAMA

Pelo sonho é que vamos, Comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não frutos, Pelo Sonho é que vamos. Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo Que talvez não teremos. Basta que a alma demos, Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia. Chegamos? Não chegamos? -Partimos. Vamos. Somos. SEBASTIÃO DA GAMA

URGENTEMENTE.....poema de....EUGÉNIO DE ANDRADE

É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, Ódio, solidão e crueldade, Alguns lamentos, Muitas espadas. É urgente inventar a alegria, Multiplicar as searas, É urgente descobrir rosas e rios E manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz Impura, até doer. É urgente o amor, é urgente Permanecer. EUGENIO DE ANDRADE

No Meio o Mundo....poema de ...VITORINO NEMÉSIO

Com medo de o perder nomeio o mundo Seus quantos e qualidades, seus objectos E assim durmo sonoro no profundo Poço de astros anónimos e quietos Nomeei as coisas e fiquei contente Prendi a frase ao texto do universo Quem escuta ao meu peito ainda lá sente Em cada pausa e pulsação, um verso.  VITORINO NEMÉSIO

Um Poema.....de MIGUEL TORGA

Não tenhas medo, ouve: É um poema Um misto de oração e de feitiço... Sem qualquer compromisso, Ouve-o atentamente, De coração lavado. Poderás decorá-lo E rezá-lo Ao deitar Ao levantar, Ou nas restantes horas de tristeza. Na segura certeza De que mal não te faz. E pode acontecer que te dê paz... MIGUEL TORGA

Amélia dos Olhos Doces...poema de ...JOAQUIM PESSOA

Amélia dos Olhos Doces quem é que te trouxe grávida de esperança? Um gosto de flor na boca. Na pele e na roupa perfumes de França. Cabelos cor de viúva. Cabelos de chuva. Sapatos de tiras e pões, quantas vezes não queres e não amas os homens que dormem contigo na cama. Amélia dos Olhos Doces quem dera que fosses apenas mulher. Amélia dos Olhos Doces se ao menos tivesses direito a viver! Amélia gaivota amante ou poeta. Rosa de café. Amélia gaiata do Bairro da Lata. Do Cais do Sodré. Tens um nome de navio. Teu corpo é um rio onde a sede corre. Olhos Doces. Quem diria que o amor nascia onde Amélia morre? Cabelos cor de viúva. Cabelos de chuva. Sapatos de tiras e pões, quantas vezes não queres e não amas os homens que dormem contigo na cama. Joaquim Pessoa

HOJE----------- Lançamento do Novo Livro do Poeta VITOR CINTRA " ENTRE O LONGE E O DISTANTE "

Apresentação em simultâneo a ideia ganhou força e vai mesmo acontecer. Porque não é possível convidar pessoalmente todos os amigos do poeta VITOR CINTRA , deixo-vos aqui o convite. ENTRE O LONGE E O DISTANTE **************** LOUCOS ......poema de VITOR CINTRA Não são muitos, nem são poucos, Os poetas, bem seguros, Encerrados entre muros Sob o rótulo de loucos. São apenas os bastantes P'ra provar que a poesia É temida, e não devia, Tanto ou mais do que era dantes. Porque abordam quaisquer temas, Nas estrofes dos poemas, Incomodam co'as verdades. É por isso que os poetas São, por formas indirectas, Reprimidos entre grades. VITOR CINTRA do livro " RELANCES "

A SOLIDÃO DE UM HOMEM NA SUA CASA ...poema de Alexandre Dale

Aquele homem estava em sua casa, a comer bolachas com manteiga e a beber leite frio. A certo momento, deu-lhe para reparar em todas as coisas que o rodeavam. Havia meias de mulher numa corda esticada por cima da sua cabeça, loiça suja sobre a mesa, fruta de verão a apodrecer — e até, algures, um gato. Havia muitas coisas, sem dúvida, mas aquelas três ou quatro bastavam-lhe para que se sentisse um estranho naquele lugar — ou ele mesmo, mas noutro lugar. Era como se estivesse ali pela primeira vez. e daí sentiu que podia estar a ser como se fosse um homem de qualquer parte do mundo: um homem com as suas questões habituais, os seus problemas típicos, as suas esperanças, os seus receios. Um homem sozinho — porque membro de toda e qualquer família, pai de todos os filhos, amante ou companheiro de todas as mulheres, sangue, avô, amizade, semelhante. E então aquele homem pensou: agora vou-me deitar ao lado da minha mulher, que dorme hoje na falta

Não Posso Adiar.... A.RAMOS ROSA

Não posso adiar o amor para outro século Não posso Ainda que o grito sufoque na garganta Ainda que o ódio estale e crepite e arda Sob montanhas cinzentas E montanhas cinzentas Não posso adiar este abraço Que é uma arma de dois gumes Amor e ódio Não posso adiar Ainda que a noite pese séculos sobre as costas E a aurora indecisa demore Não posso adiar para outro século a minha vida Nem o meu amor Nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração A.RAMOS ROSA

Amor Combate ....poema de JOAQUIM PESSOA

Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo. Teus braços são a flor do aloendro. Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo. Teus olhos são da cor do sofrimento. Amor-país. Quero cantar-te. Como quem diz: O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera. Amor intenso. amor imenso. amor instante. O nosso amor é uma arma. É uma espera. O nosso amor é um cavalo alucinante. O nosso amor é pássaro voando. Mas à toa. Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa. Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo. O nosso amor é como a flor do aloendro. Deixa-me soltar estas palavras amarradas para escrever com sangue o nome que inventei. Romper. Ganhar a voz duma assentada. Dizer de ti as coisas que eu não sei. Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada. Amor-verdade. Amor-cidade. Amor-combate. Amor-abril. Este amor de liberdade. JOAQUIM PESSOA