CARTA REGISTADA
…Havia o infinito e o mar sobre nós, com sol nublado, e dei-te uma pedra negra que rolou do coração, para dentro do ano novo.
Estavas de óculos cor-de-pedra, sentada no ano velho, como se eu tivesse regressado das lavadias brancas, com o teu véu cansado de noiva.
Havia namorados que namoravam, e nós no percurso, sem nos vermos, a olhar um para o outro.
Sabias a doce de mel salgado, e eu, a sal de abelha.
Dizia amor e tu amora, silvestre.
E a terra fria da mornaça de Janeiro, prescrevia o sonho a lacre de sangue fino e frio e pingos de coração, breve e magoado.
Preenchemos então o desejo, que bebi dos teus silêncios.
Deixaste-me tocar, nas tuas mãos secretas, leves e sem anéis brancos, ainda puras de tanto dar e receber.
As tuas mãos de concha, dos filhos a crescerem.
As tuas mãos esguias, das notas soltas do piano triste e adormecido.
As tuas mãos quentes, dos recantos íntimos do nosso corpo, em sabor e desvario.
As tuas mãos, que fizeram o calor do colo frio, da nossa dor no canal.
As tuas, e as minhas mãos.
Feridas.
Tomámos então, com estrangeiros, como amigos estrangeiros, um café chique da cidade em hotel da noite, das noites que gostaria de viver intensamente contigo,
e dei-te uma pedra da cor dos teus olhos pretos, do mar que me deixas, branco de mais de tantas ondas, para poder cantar outra vida …
SIDÓNIO BETTENCOURT do Livro " Deserto de Todas as Chuvas "
Poeta da Ilha do Pico - Açores
…Havia o infinito e o mar sobre nós, com sol nublado, e dei-te uma pedra negra que rolou do coração, para dentro do ano novo.
Estavas de óculos cor-de-pedra, sentada no ano velho, como se eu tivesse regressado das lavadias brancas, com o teu véu cansado de noiva.
Havia namorados que namoravam, e nós no percurso, sem nos vermos, a olhar um para o outro.
Sabias a doce de mel salgado, e eu, a sal de abelha.
Dizia amor e tu amora, silvestre.
E a terra fria da mornaça de Janeiro, prescrevia o sonho a lacre de sangue fino e frio e pingos de coração, breve e magoado.
Preenchemos então o desejo, que bebi dos teus silêncios.
Deixaste-me tocar, nas tuas mãos secretas, leves e sem anéis brancos, ainda puras de tanto dar e receber.
As tuas mãos de concha, dos filhos a crescerem.
As tuas mãos esguias, das notas soltas do piano triste e adormecido.
As tuas mãos quentes, dos recantos íntimos do nosso corpo, em sabor e desvario.
As tuas mãos, que fizeram o calor do colo frio, da nossa dor no canal.
As tuas, e as minhas mãos.
Feridas.
Tomámos então, com estrangeiros, como amigos estrangeiros, um café chique da cidade em hotel da noite, das noites que gostaria de viver intensamente contigo,
e dei-te uma pedra da cor dos teus olhos pretos, do mar que me deixas, branco de mais de tantas ondas, para poder cantar outra vida …
SIDÓNIO BETTENCOURT do Livro " Deserto de Todas as Chuvas "
Poeta da Ilha do Pico - Açores
Vou ler,claro,este bocadiho.cheira-me!a imagem é lida!!!
ResponderEliminarbeijo
ana
O título é sugestivo; o livro convida; a fotografia complementa a obra do escritor; Ainda não li nada de Sidónio Bettencourt mas agora já é difícil passar por um qualquer livro dele sem me reter à sua passagem e me lembrar de ti. Fica bem, grande alma.
ResponderEliminarAbri o apetite com este bocadinho irei ler:))
ResponderEliminarbeijo grande
Vim agradecer e retribuir a visita ao meu blog. Adorei o seu! Textos lindos, imagens e música a condizer! Parabéns! Tenha uma boa semana. *****
ResponderEliminarOlá minha poeta, pois é, isso de ter assim poesias tão belas, é concerteza inspiração vinda desse mar maravilhosos, do ar que se respira nessas ilhas que nunca esqueço... Bjhs e boa semana daqui deste lado do oceano, mas sempre com o mar a rodear-me..
ResponderEliminarFoi uma agradável surpresa conhecer este blog. A principio vim retribuir a visita e o comentário deixado em folhasoltas, mas o que vi e li, deram-me a certeza de que 'voltarei' novamente. Gostei muito do poema e da fotografia. Vocês estão de parabéns. Um abraço amigo a todos.
ResponderEliminarVim agradecer e retribuir a tua visita ao meu alpendre e fiquei agradavelmente surpreendida. Hei-de voltar mais vezes. Beijos e boa semana
ResponderEliminarobrigado pela visita, deu-me oportunidade de conhecero teu cantinho, que como a ilha onde vives é bastante aprazível ;-) ah!... quem pregou aos peixes foi Padre António Vieira
ResponderEliminarOlá, alma de poeta, que lindo título e o livro deve ser maravilhoso, só pelo texto que publicaste. Adorei este teu cantinho e se ainda não te linkei o farei porque é muito bom estar contigo neste pedacinho de tarde. Beijo meu. Anne.
ResponderEliminarhttp://www.anne_voce.blogger.com.br
Oi Alma de poeta, amei sua visita a meu blog, e espero de coração que vc se torne uma visitante assídua do meu blog, será um prazer e uma honra recebê-la em meu blog!!! Eu adorei seu blog de poesias, muito lindo, só tem poemas fascinantes!! Realmente me encantou, mostra através dos poemas postados sua alma sensível feminina e um coração romântico!!
ResponderEliminarPARAbÉNS!!!
Um grande bjo.
Olá.!!
ResponderEliminarAdorei a imagem.Não conheço Sidónio mas o aperitivo que você nos deixou é um convite à leitura do poeta.
Muito legal!!!
Queria também dizer para você que o meu blog mudou de endereço,já que nem no painel de controle consigo entrar mais.
Se você quiser me visitar,anote:
http://www.todosossentidos.blogger.com.br
Tem post novo.....beijoka
O "Deserto de todas as chuvas", foi para mim uma agradavel leitura. Beijinhos.
ResponderEliminarAlma de Poeta, venho agradecer a visita ao meu espaço e fico agradavelmente surpreendida por me deparar com um texto de um escritor da ilha do Pico, a minha ilha! nasci em Lajes do Pico, não conheço, saí com apenas um ano de idade e nunca voltei. Vou tentar encontrar a obra que citas e da qual trasncreves este excerto.
ResponderEliminarobrigada, duplamente!~
voltarei e como não podia deixar de ser, vou colocar um link para o teu blog.
beijos :)
Boa sugestão. ;)
ResponderEliminarAlma de Poeta, mesmo!
ResponderEliminarAdorei o espaço, tal como adoro os Açores, embora ainda não tenha desembarcado em Sta Maria com mta pena minha :(.
Beijos da Mar Revolto
Oi, Amiga!!! Que lindoooo aqui...parabéns!!! Passando pra desejar uma boa terça.
ResponderEliminarAbraçãooo
Sandra Maria
Que lindo poema, amiga!
ResponderEliminarGostei muito!
Beijos, flores e sorrisos para ti, minha querida!
Acho que acabei de encontrar o meu próximo livro para ler... Vou registar esta carta e já aqui venho.
ResponderEliminarBeijos, BOM NATAL
aconteceu tanta coisa que nnc mais cá vim...mas tou de volta.
ResponderEliminarVim reler este post.Beijinhos.
ResponderEliminarVou procurar o livro... já sei a quem o vou oferecer pelo Natal!
ResponderEliminarEspero que nnão te importes que tenha linkado o teu Blog, já que estive a fazer actualizações, aproveitei...
Um abraço carinhoso e resto de boa semana ;)
Boa tarde bela Alma...
ResponderEliminarE o vento trouxe-me aqui uma vez mais. Vim pelo campo, por cima das árvores _ lentamente e quando me dei por mim, estava pensando no mar e no som da maresia e na paixão pela vida que mergulha intensa em nós dois...
Já entrei várias vezes aqui mas, confesso, não conseguia comentar. Arara assumida. Conheço o livro e acho a escolha óptima, de muita qualidade.Sidónio Bettencourt tem textos belíssimos - "eu sinto o que me dói/ por isso escrevo// eu sinto o que escrevo/ por isso choro// chorar é tinta do teu enlevo//Quanto ao blog, ando a ler aos poucos... :) Um abraço.
ResponderEliminarOlá amiga, só passei para dizer olá... a ilha do Pico, ainda a semana passada o meu marido lá esteve e onde mora uma grande amiga minha!!! Bjhs
ResponderEliminarGostei do que aqui li e obrigado pela visita. Vou voltar:)
ResponderEliminar´´´´´´´´´´´´´´´´*,´´´´´´´´´´´´´´´´´´´Vim ´´´´´´´´´´´´´´´´´)\´´´´´´´´´´´´´´´´ nadando ´´´´´´´´´´´´´´´´´;*)\´´´´´´´´´´´´´´´´´até ´´´,("*´´´´´´´´´´´,,***)´´´´´´´´´´´´´´aqui ´´*,(*´´´´´´´´´,*(;****\).,.´´´´´°´´´´´´... ´´**)´´´´´´´,,*"")*****/(,',,¨.¨´°,´´´´´´meu ´*\*¨(;.´´´,,;;'*)¨¨¨¨.¨"(¨(¨*;*,´´´´º´´objectivo /***¨¨\,,*)'¨¨¨¨¨¨¨¨¨(¨¨(¨¨@¨¨;',º´´´´´´é ¨)\¨*¨<"¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨(¨¨¨¨(¨¨¨¨")´´°´´´´´´ (¨¨¨¨*<"¨¨¨¨¨*¨¨¨¨¨¨(¨¨(¨"=(<´´°´´desejar-lhe ¨)/¨*¨¨/"')',¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨(¨(,*;*´´´´´´´ \***¨¨(´´´´¨¨.,)¨¨¨¨¨¨¨(,(´´´´´´´´´´ ´*/*¨)´´´´´´´´´''*)***;,)´´´´´´´´´´´´´´ ´´**(*´´´´´´´´´¨*(;*,*)´´(´´´´´´´´´´´´ ´´´´*(*´´´´´´´´´´´),;("´´´´´´´´´´´´um ´´´´´´"*´´´´´´´´´*)/´´´´´´´´´´´´´´´´final de semana´´´´´´´´´´´´´´´´´*´´´´´´´´´´replecto de saude :) bjokas.
ResponderEliminarEstá lindíssimo!
ResponderEliminarÉ sempre um prazer visitar este teu cantinho pejado de escritas que não conheço!
Diverte-te e sorri!
Dizer é belo é pouco! É uma palavra pequena encontrada para comentar um texto de uma grandeza linda! Obrigada pela sua visita!
ResponderEliminar____________***__*_****
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*******_________`**´ _____ "A amizade é como uma
_*******_________*'__*****_ plantinha que precisa ser
__******_________* .****** _ regada todo dia.
____***___*______* ****** _Com muito carinho,
___________*_____*_**** _ muita atenção
_______****_*___* ____ e muito AMOR!!!
_____******__*'_*
____*******___** _ Que o jardim da nossa amizade
____*****______* __ permaneça sempre
____**_________* ___ cheio de FLORES...
Te adoro muito.
Lindo fim de semana cheio de coisas lindas
Bjs!
Vim à procura de um novo post. fica um beijinho.
ResponderEliminarE vem a manhã e sua lenta composição, ainda sem versos (esperando uma pena) ainda sem sol (que se perdeu quando pra cá se dirigia) ainda sem novidades.
ResponderEliminarEntão despertei pensando no que meus olhos poderiam encontrar pela paisagem e cá estou _ descobrindo o que você preparou para mim (mesmo sem nisso pensar).
Um forte abraço _ vou seguir viagem para além dessas linhas com ajuda do vento
Luna
Saudações!
ResponderEliminarAntes de mais, felicito-te pelo belo e aprazível espaço dedicado às singelas e misteriosas ilhas de brumas. A essência da poesia faz deste teu espaço sua morada. Com que então o Sidónio é da ilha do Pico? Muito bem, continua a utopia, ou melhor, a sua máscara ao afirmar a todos que é esta a ilha do seu coração. "Alma de poeta", a Ilha do Pico tem sido o berço de muitos poetas por isso andam alguns senhores por aí, a afirmar a todo o mundo que a ela pertencem, mas jamais a pura essência das pedras negras amontoadas a esmo na alma sentirão. Que isto seja aqui dito, e o senhor em questão, nunca foi, não é e nao será nunca, "da ilha do Pico", morou uns anos, é mais micaelense que picoense, pois, o estatuto de "picaroto" não lhe pertence. Não estou, de forma alguma a denegrir o seu trabalho, até gosto e leio muitas das suas letras. Mas, se poeta é, então para poeta da vida e alma sentida, neste âmbito, ficava-lhe bem um pouco de humildade, pois, a vaidade não é mais que uma utopia criada no abismo e labirinto de reflexo distorcido. Falo assim, porque moro ao seu lado, mesma ilha, mas, nasci no aroma da ilha que o senhor em questão diz pertencer. Perdoa-me, se fui brusco nas palavras, mas sou uma alma transparente e detesto vaidades, deviam alguns senhores amar uma flor, olhar a mulher como cada aresta de um diamante, percorrer o espaço da sua nebulosa alma, ao invés, de espalhar rumores e plantar faias ou urzes de turva e própria criação. Voltarei se me permitires, pois, este contexto já é água dissolvida pela terra, chuva escoada pelas veredas das negras rochas, e com isso, gostaria de começar a frequentar este nobre espaço.
Bem haja a todos!
Mais uma vez Alma Poeta, perdoa a minha brusca invasão....