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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2009

SONETO CV de ......William Shakespeare

Não chame o meu amor de Idolatria Nem de Ídolo realce a quem eu amo, Pois todo o meu cantar a um só se alia, E de uma só maneira eu o proclamo. É hoje e sempre o meu amor galante, Inalterável, em grande excelência; Por isso a minha rima é tão constante A uma só coisa e exclui a diferença. 'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo; 'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento; E em tal mudança está tudo o que primo, Em um, três temas, de amplo movimento. 'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora; Num mesmo ser vivem juntos agora. William Shakespeare

* CHAMADA * poema de Vitor Cintra

CHAMADA Sinto minha alma afobada Por trilhas, cheias de nós, Sem perceber a chamada Feita, por almas tão sós Como a minha alma isolada. Solto as amarras do tempo E o pensamento, veloz, Corre ao sabor do momento, Quando o momento dá voz Ao meu veloz pensamento. VITOR CINTRA Do livro " Murmúrios "

E DE REPENTE É NOITE poema de Salvatore Quasimodo ( Itália )

E DE REPENTE É NOITE Cada um está só sobre o coração da terra Trespassado por um raio de sol: E de repente é noite. SALVATORE QUASIMODO

Silêncios poema de ÂNGELO GOMES

Os meus silêncios são cruéis e duros, Nas trevas dos dias que me ensombram, Nas noites em branco que me tombam, Nas lágrimas, nos vales e nos muros Será que sabes ler-me sem me ler? Será que no teu peito ainda existo? Ou fui sublinhado em mero risco Daqueles sem expressão e sem se ver? Que raros são os momentos de paixão... Que emergem de caudais de solidão E se fecham em silêncios de ternura... Segue os trilhos dos minutos que viveste Pergunta a ti própria se cresceste... Abre as portas aos riachos da censura Ângelo Gomes Publicado no Recanto das Letras em 03/09/2006 Código do texto: T232092

" FUMO " poema de Florbela Espanca

Longe de ti são ermos os caminhos, Longe de ti não há luar nem rosas, Longe de ti há noites silenciosas, Há dias sem calor, beirais sem ninhos! Meus olhos são dois velhos pobrezinhos Perdidos pelas noites invernosas... Abertos, sonham mãos cariciosas, Tuas mãos doces, plenas de carinhos! Os dias são Outonos: choram... choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, ó meu Amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!... Florbela Espanca

TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDICULAS de Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) Álvaro de Campos

* AMIGOS * de Paulo Sant'Ana

Neste dia de Aniversário do meu amigo e POETA " VITOR CINTRA ", dos Blogs Um Poema de Vez em Quando e A poesia de VITOR CINTRA , dedico-lhe este texto, com votos de um feliz aniversário. ***************************************** Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o qua

HÁ CERTAS HORAS de William Shakespeare

Há certas horas, em que não precisamos de um Amor... Não precisamos da paixão desmedida... Não queremos beijo na boca... E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama... Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado... Sem nada dizer... Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir... Alguém que ria de nossas piadas sem graça... Que ache nossas tristezas as maiores do mundo... Que nos teça elogios sem fim... E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável... Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado... Alguém que nos possa dizer: Acho que você está errado, mas estou do seu lado... Ou alguém que apenas diga: Sou seu amor! E estou Aqui! William shakespeare

" ESTE PERFUME"de Salvador Novo (México)

Este perfume intenso de tua carne não é nada mais do que o mundo que deslocam e movem os globos azuis dos teus olhos. E a terra e os rios azuis das veias que aprisionam os teus braços. Há todas as laranjas redondas em teu beijo de angústia sacrificado à beira de um horto em que a vida se suspendeu por todos os séculos da minha. Que distante era o ar infinito que encheu nossos peitos. Arranquei-te da terra pelas raízes ébrias de tuas mãos e bebi-te todo, oh fruto perfeito e delicioso! Já sempre quando o sol apalpe a minha carne sentirei o rude contacto da tua nascida na frescura de uma alva inesperada, nutrida na carícia de teus rios claros e puros como o teu abraço, volta doce no vento que nas tardes vem das montanhas para o teu hálito, madura no sol dos teus dezoito anos, cálida para mim que a esperava. Tradução de: José Bento

* ROMÂNTICOS * de Vander Lee

Românticos são poucos, Românticos são loucos, desvairados Que querem ser o outro, Que pensam que o outro, É o paraíso. Românticos são lindos, Românticos são limpos e pirados Que choram com baladas, Que amam sem vergonha e sem juízo São tipos populares, que vivem pelos bares E mesmo certos vão pedir perdão E passam a noite em claro conhecem o gosto raro De amar sem medo de outra desilusão Romântico é uma espécie em extinção.

Kalinas * Alucinação *

Dançando, Rodopiamos pelo salão antigo. Revestido a ébano, Candelabros de velas acesas, Exalam perfume, E nos embriagam. Enquanto rodopiamos, Rocei a minha perna na tua, Enquanto me inebriava, Com o nosso odor. Cheiramo-nos; Roçamos nossos ventres, Desinquietos. Sentimos; Em suor, Aquele percurso Que ondeia nossos corpos. Roçamos nossos ventres, Excitados, Molhados, Desejosos de paixão. Olhei de novo o salão, Fiquei a dançar sozinho. Agarrado ao vácuo… Em depressão, Que não arde, Nem queima Só arde com a paixão Da tua entrega. Com a passagem, Do meu desejo, No teu desejo. Kalinas 2004 Minha amiga Rosa, do blog " AZORIANA " sugeriu-me o poema e imagem que mais gostei de publicar. Aqui o deixo de novo. Obrigada ROSA ......beijo grande amiga.