Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2016

As minhocas ..... poema de Mário Fragoso

(Pintura de Margarida Cepeda) As Minhocas Pensa as cicatrizes  Como elas chegam e restam Moventes e imutáveis  Grãozinhos de areia na água das tuas vertentes E de sal no teu olhar Verás que não só existem fendas Para espalhar o infinito entre uma parede e outra Nas ruinas Sem nunca deixar alastrar Nem a cor da cal branca Nem as pedras das janelas  Seladas O bicho não pode escapar… Eles disseram-te Sem pensar Que só há humanidade em ti Apertada na sua extravagância E que as serpentes não são mais nada Que minhocas venenosas Mas… Tu sentes-lhes os dentes Vês A suas peles e as suas escamas deslizarem Perfumando-te o corpo Com vestígios de criança que não soube fugir Devorada pela mulher que nunca deu à luz As minhocas predicaram-te um futuro luminoso No nevoeiro das lembranças E no torpor da saudade Mas tu, guardas escondido debaixo da língua  A intimidade da ferida Como um mergulho  Fora da água