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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2012

Poema de Afonso Lopes Vieira

Se um inglês ao passar me olhar com desdém, num sorriso de dó eu pensarei: ? Pois bem! se tens agora o mar e a tua esquadra ingente, fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente. Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa, fui eu que t'as cedi num dote de princesa. e para te ensinar a ser correcto já, coloquei-te na mão a xícara de chá... E se for um francês que me olhar com desdém, num sorriso de dó eu pensarei: ? Pois bem! Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa de ter sido cigarra antes da Provença. Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei Antes de Montgolfier, um século! Voei E do teu Imperador as águias vitoriosas fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas o Encoberto as levou, enxotando-as no ar, por essa Espanha acima, até casa a coxear E se um Yankee for que me olhar com desdém, Num sorriso de dó eu pensarei: ? Pois bem! Quando um dia arribei á orla da floresta, Wilson estava nu e de penas na testa. Olhava pa

O Conhecido pelo Desconhecido .....Osho

Quando você explora mares desconhecidos, como Colombo fez, o medo existe, um medo imenso, porque ninguém sabe o que vai acontecer. Você está deixando a praia da segurança. Você está perfeitamente bem, em certo sentido; só uma coisa está faltando — aventura. Enfrentar o desconhecido dá a você certa excitação. O coração começa a pulsar novamente; volta a se sentir vivo, totalmente vivo. Cada fibra do seu ser está vibrando porque você aceitou o desafio do desconhecido. Aceitar o desafio do desconhecido, apesar de todo o medo, é coragem. Os medos estão ali, mas se você aceita o desafio várias vezes seguidas, devagarinho os medos desaparecem. A experiência de alegria que o desconhecido traz, o grande êxtase que começa a acontecer com o desconhecido, torna você forte o bastante, lhe dá uma certa integridade, aguça sua inteligência. Pela primeira vez, você começa a sentir que a vida não é só tédio, mas uma aventura. Então devagar os medos desaparecem; e você não para mais de ir a

Não Direi...poema de José Saramago

Não direi : Que o silêncio me sufoca e amordaça.  Calado estou, calado ficarei,  Pois que a língua que falo é de outra raça.  Palavras consumidas se acumulam,  Se represam, cisterna de águas mortas,  Ácidas mágoas em limos transformadas,  Vaza de fundo em que há raízes tortas.  Não direi:  Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,  Palavras que não digam quanto sei  Neste retiro em que me não conhecem.  Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,  Nem só animais bóiam, mortos, medos,  Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam  No negro poço de onde sobem dedos.  Só direi,  Crispadamente recolhido e mudo,  Que quem se cala quando me calei  Não poderá morrer sem dizer tudo. José Saramago