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Mensagens

A mostrar mensagens de 2013

NATAL poema de José Maria Lopes de Araújo

NATAL IV Não me falem de Natal Enquanto o riso der lugar à dor E não for esmagado o mal Pelo Bem e Amor … Não … Não … Não me falem de Natal ! Enquanto a chuva se infiltrar Nos podres tectos de humildes Casebres destelhados, E o frio enregelar Rostos enrugados, Cansados, dos vencidos da vida … Não … Não … Não me falem de Natal ! Só quando tu, que te afirmas homem E dizes ser meu irmão, Me estenderes a mão, Num gesto amigo e fraternal… Então, Para mim, Entendo que só assim Deve e pode acontecer Natal! É preciso que o Mundo entenda Que, em cada dia que passa, Nos corações dos homens, Tem de haver o calor da Graça, Tem de haver natal … E renascer A Paz, o Bem e o Amor… … Só quando isto acontecer Pode acontecer Natal! JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

As Portas que Abril Abriu...José Carlos Ary dos Santos

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU ... Que o grande poeta Português José Carlos Ary dos Santos, do Além não veja, que o seu Portugal já não conjuga o verbo no pretérito imperfeito. Errata : Onde se lê.... " ERA uma vez um país ".... deverá ler-se conjugado no presente  Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra. Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza. Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado. Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da c

Cinco Poemas de António Aleixo

Acho uma moral ruim trazer o vulgo enganado:   mandarem fazer assim e eles fazerem assado. Sou um dos membros malditos dessa falsa sociedade que, baseada nos mitos, podem roubar à vontade. Esses por quem não te interessas produzem quanto consomes: vivem das tuas promessas ganhando o pão que tu comes. Não me dêem  Acho uma moral ruim trazer o vulgo enganado:  mandarem fazer assim e eles fazerem assado. Sou um dos membros malditos dessa falsa sociedade que, baseada nos mitos, podem roubar à vontade. Esses por quem não te interessas produzem quanto consomes: vivem das tuas promessas ganhando o pão que tu comes. Não me dêem mais desgostos porque sei raciocinar... Só os burros estão dispostos a sofrer sem protestar! Esta mascarada enorme com que o mundo nos aldraba, dura enquanto o povo dorme, quando ele acordar, acaba. António Aleixo

Amar....poema de Américo Silva

AMAR  Como eu sei... Amar não se inventa, não nasce, não morre, Faz parte do sangue que corre apressado, É o fogo suave, que aquece a vida É o luar de Agosto, é a chuva de Outono. É a flor que desponta, é a folha que cai, É um brilho nos olhos, um sorriso nos lábios É o beijo que deslumbra, é o medo que angustía É uma chegada desejada, uma partida desolada. É um caminhar lado a lado, num vulcão adormecido, É um beijo inesperado, numa viagem sem destino, É uma paragem inesperada, entre hortênsias e hortelã É uma caricia fugidia, numa estrada molhada. É um caminhar à tôa, na noite acolhedora, À procura do nada, no silêncio da alma, No escuro protector duma montanha distante. É a ousadia de sentir, o prazer de encontrar. É o primeiro olhar, sorriso,  abraço, beijo.... O primeiro pulsar inquieto, a primeira angustia A primeira dúvida, a primeira incerteza, Sentir que o vento não se agarra, que a vida não se pára. É um encontro com um tesou

Poema em Linha Reta....Álvaro de Campos

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.  Toda a gente que eu

Queixa das Almas Jovens Censuradas ....... Natália Correia

Dão-nos um lírio e um canivete e uma alma para ir à escola mais um letreiro que promete raízes, hastes e corola Dão-nos um mapa imaginário que tem a forma de uma cidade mais um relógio e um calendário onde não vem a nossa idade Dão-nos a honra de manequim para dar corda à nossa ausência. Dão-nos um prémio de ser assim sem pecado e sem inocência Dão-nos um barco e um chapéu para tirarmos o retrato Dão-nos bilhetes para o céu levado à cena num teatro Penteiam-nos os crâneos ermos com as cabeleiras das avós para jamais nos parecermos connosco quando estamos sós Dão-nos um bolo que é a história da nossa historia sem enredo e não nos soa na memória outra palavra que o medo Temos fantasmas tão educados que adormecemos no seu ombro somos vazios despovoados de personagens de assombro Dão-nos a capa do evangelho e um pacote de tabaco dão-nos um pente e um espelho pra pentearmos um macaco Dão-nos um cravo preso à cabeça e uma cabeça presa à cintura para que o corpo não pareça a form

BARCO NEGRO de David Mourão Ferreira

          De manhã, que medo, que me achasses feia! Acordei, tremendo, deitada n'areia Mas logo os teus olhos disseram que não, E o sol penetrou no meu coração. Vi depois, numa rocha, uma cruz, E o teu barco negro dançava na luz Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas Dizem as velhas da praia, que não voltas: São loucas! São loucas! Eu sei, meu amor, Que nem chegaste a partir, Pois tudo, em meu redor, Me diz qu'estás sempre comigo No vento que lança areia nos vidros; Na água que canta, no fogo mortiço; No calor do leito, nos bancos vazios; Dentro do meu peito, estás sempre comigo. Fado interpretado por Amália Amália Rodrigues

Invocação à Noite .... Bocage

Ó deusa, que proteges dos amantes O destro furto, o crime deleitoso, Abafa com teu manto pavoroso Os importantes astros vigilantes: Quero adoçar meus lábios anelantes No seio de Ritália melindroso; Estorva que os maus olhos do invejoso Turbem d'amor os sôfregos instantes: Tétis formosa, tal encanto inspire Ao namorado Sol teu níveo rosto, Que nunca de teus braços se retire! Tarda ao menos o carro à Noite oposto, Até que eu desfaleça, até que expire Nas ternas ânsias, no inefável gosto. Bocage

Esse Desemprego...... de Bertolt Brecht

Esse Desemprego Meus senhores, é mesmo um problema Esse desemprego! Com satisfação acolhemos Toda oportunidade De discutir a questão. Quando queiram os senhores! A todo momento! Pois o desemprego é para o povo Um enfraquecimento. Para nós é inexplicável Tanto desemprego. Algo realmente lamentável Que só traz desassossego. Mas não se deve na verdade Dizer que é inexplicável Pois pode ser fatal Dificilmente nos pode trazer A confiança das massas Para nós imprescindível. É preciso que nos deixem valer Pois seria mais que temível Permitir ao caos vencer Num tempo tão pouco esclarecido! Algo assim não se pode conceber Com esse desemprego! Ou qual a sua opinião? Só nos pode convir Esta opinião: o problema Assim como veio, deve sumir. Mas a questão é: nosso desemprego Não será solucionado Enquanto os senhores não Ficarem desempregados! Bertold Brecht

SIDÓNIO BETTENCOURT " CERTEZAS "

O meu suspirar são pedaladas de piano com cabelos em pé. Beijos subtis na agonia do desejo. Substância a mais no mistério. Mas sei que suspirando forte num sopro leve serei aragem num vendaval deserto. Sidónio Bettencourt Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "

" O Amor, Meu Amor " poema de MIA COUTO

Nosso amor é impuro  como impura é a luz e a água  e tudo quanto nasce  e vive além do tempo.  Minhas pernas são água,  as tuas são luz  e dão a volta ao universo  quando se enlaçam  até se tornarem deserto e escuro.  E eu sofro de te abraçar  depois de te abraçar para não sofrer.  E toco-te  para deixares de ter corpo  e o meu corpo nasce  quando se extingue no teu.  E respiro em ti  para me sufocar  e espreito em tua claridade  para me cegar,  meu Sol vertido em Lua,  minha noite alvorecida.  Tu me bebes  e eu me converto na tua sede.  Meus lábios mordem,  meus dentes beijam,  minha pele te veste  e ficas ainda mais despida.  Pudesse eu ser tu  E em tua saudade ser a minha própria espera.  Mas eu deito-me em teu leito Quando apenas queria dormir em ti.  E sonho-te  Quando ansiava ser um sonho teu.  E levito, voo de semente, 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades....Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,  Muda-se o ser, muda-se a confiança:  Todo o mundo é composto de mudança,  Tomando sempre novas qualidades.  Continuamente vemos novidades,  Diferentes em tudo da esperança:  Do mal ficam as mágoas na lembrança,  E do bem (se algum houve) as saudades.  O tempo cobre o chão de verde manto,  Que já coberto foi de neve fria,  E em mim converte em choro o doce canto.  E afora este mudar-se cada dia,  Outra mudança faz de mor espanto,  Que não se muda já como soía.  Luís Vaz de Camões

Bocage

" Memória de Amor " ....Poema de.... Paula OZ

(Desconheço a autoria da foto) Ainda respiro o teu perfume... És odor que sua no meu corpo por inteiro Sei o teu cheiro,vive em cada poro da minha pele Divina essência,puro e verdadeiro Estás no meu beijo... És boca na minha boca,és voz A tua língua curiosa,suave,caprichosa Louca, ondulante,calma e feroz Sei o teu sabor,sorriem nos meus lábios...gulosa Oiço o teu som,pura alegria Recordo as tuas mãos, és toque,magia Asas de dedos ,versos gemidos,abraço quente És poesia,palavra provocante com ousadia Não te julgues ausente,és-me tudo na mente Não quero a despedida És amor,puro amor,cosmos,terra e mar Vives em mim eternamente...sem saída Não chores o teu adeus,és sol no meu olhar Dispo-me da saudade,visto-me de felicidade Sinto-te...és a minha ansiedade Paula OZ

José Valdir Pereira

"Desejo que meu coração te ame do tanto que me amas,  para que se falem sempre na mesma linguagem e na mesma intensidade,  iluminados pela mesma prece de amor!" Jose Valdir Pereira