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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2004

* Para Quê? * poema de JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO " Porquê? "

PARA QUÊ? Saí de mim em busca de ventura, Daquele bem que em vão idealizei Minha esperança fez-se mais escura Quando sem nada, nada, a mim voltei. De tudo que me inquieta e me tortura Do quanto eu cegamente acreditei, Apenas se mantém impune e pura Esta paixão que sempre te doei! E pergunto a mim mesmo para quê Se tenta crer no quanto se não vê, Se dentro em nós não arde, não aquece, A labareda ardente de um amor Capaz de transformar a própria dor Em alegria que jamais perece?! Lopes de Araújo " Horas Contadas

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO poema " FIM "

FIM Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza... A um morto nada se recusa E eu quero por força ir de burro! Mário de Sá-Carneiro

ANTÓNIO ALEIXO - " Quadras "

De te ver fiquei repeso, Em vez de ganhar perdi; Quis prender-te, fiquei preso, E não sei se te prendi. A comerçar pelo «urso» De Coimbra, a estudantada, Só quando se acaba o curso, Sabe que não sabe nada. Alheio ao significado, Diz o povo, e com razão, Quando ouve um grande aldrabão: _ Dava um bom advogado. Há tantos burros mandando Em homens de inteligência, Que às vezes fico pensando Que a burrice é uma ciência! Foste beijar o menino, Quando, afinal eu vi bem Que beijaste o pequenino Porque gostavas da mãe. Sem que o discurso eu pedisse, Ele falou; e eu escutei, Gostei do que ele não disse; Do que disse não gostei. Para não fazeres ofensas E teres dias felizes, Não digas tudo o que pensas, Mas pensa tudo o que dizes. Sei que pareço um ladrão... Mas há muitos que eu conheço Que não parecendo o que são, São aquilo que eu pareço. António Aleixo