Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2005

SIDÓNIO BETTENCOURT do Livro " Deserto de Todas as Chuvas "

DA NOITE DE NATAL Gelada rua em que deste vida à saudade. Nem as pedras da casa onde despimos a família deserta e o desassossego das nossas consumições espalhadas nas poças de água e mágoa, levadas pelo vento oeste. Nem as folhas secas em São Francisco, caindo uma a uma, entre os barcos do peixe que o Inverno varou, medrosos e recolhidos no abraço da cruz. Há luzes no cruzeiro, cintilantes. Fazem lembrar faróis da América. Aquela que nos repartiu a urgência do regresso. E assim ficamos à espera na pequenez do compromisso. Na ânsia de te encontrar, perdi o sabor do rosto. Está escura a noite e pesarosos os sinos que me chamam no teu regaço. Para o abrigo da tua manta cor de anjo e de mistério. A missa do galo é na Silveira. Este ano é assim. Longe das nossas promessas. Longe dos nossos pecados. Inventaram um novo roteiro para recolhermos mais cedo na madrugada do menino. Cada um com o seu menino. Nem aqui, tão perto, o nosso beijar entre a manjedoura desfeita, a

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO Poema * Natal Que Volta *

NATAL QUE NÃO VOLTA... Antigamente, Quando a vida me sorria, No tempo em que brincava, E alegremente Corria E saltava… Nesse tempo em que solteiro de ilusões Acreditava Nas fadas E nos Papões… Enfim, Antigamente, A vida para mim Era bem diferente! … ***** O Meu Jesus Trazia-me sempre um presente… Um lindo brinquedo Que eu pedia Muito em segredo! … … E recebia-o contente ! … ******* Como outrora, Eu quisera Agora – - Doce quimera – - De novo encontrar Não um brinquedo lindo Que me pudesse encantar… Mas, um pouco de beleza E um pouco de alegria Que viessem aliviar Esta funda tristeza … A minha melancolia … ****** E de manhã de manhãzinha, Devagar, pé-ante-pé, Eu corri à chaminé! … E o meu sapato, Nessa manhã ainda escura, Nessa manhã de frio E esmaecida, Lá estava, nu , vazio, Como anda vazia e nua De ventura A minha vida ! … ******* E a minha alma sismadora, E triste, Triste e sonhadora, Acalentou essa esperança Dos meus t

SIDÓNIO BETTENCOURT do livro " Deserto de Todas as Chuvas "

DESPEDIDA Fria a tarde e distante da beira praia num soluço de olhar fugidio entre o mar, céu e a nudez a fervilhar. Fria tarde esta, que não te sente os lábios e o fogo do teu corpo, quando te deixo sem regresso. Fria solidão, quando os teus braços se soltam do murmúrio. Fria e triste monotonia, e o Outono sem o brilho dos teus olhos, nos cabelos revoltos e revoltados, destes dedos que acendo. Ventre de dança, no corpo que animas e onde revejo os lugares escondidos do desejo. Quando agora partir, só tu me deixas ficar, e na boca cair uma lágrima de sede a cantar Bethânia, rolando no eco da minha voz, desafinada e rouca " Onde Estará o Meu Amor? " O amor. Sim, o amor. Quem o conforta, quem o aquece, quem o derrete? Fria tarde de tristeza funda. Sidónio Bettencourt "Deserto de Todas as Chuvas "

SIDÓNIO BETTENCOURT do livro * Deserto de Todas as Chuvas *

CARTA REGISTADA …Havia o infinito e o mar sobre nós, com sol nublado, e dei-te uma pedra negra que rolou do coração, para dentro do ano novo. Estavas de óculos cor-de-pedra, sentada no ano velho, como se eu tivesse regressado das lavadias brancas, com o teu véu cansado de noiva. Havia namorados que namoravam, e nós no percurso, sem nos vermos, a olhar um para o outro. Sabias a doce de mel salgado, e eu, a sal de abelha. Dizia amor e tu amora, silvestre. E a terra fria da mornaça de Janeiro, prescrevia o sonho a lacre de sangue fino e frio e pingos de coração, breve e magoado. Preenchemos então o desejo, que bebi dos teus silêncios. Deixaste-me tocar, nas tuas mãos secretas, leves e sem anéis brancos, ainda puras de tanto dar e receber. As tuas mãos de concha, dos filhos a crescerem. As tuas mãos esguias, das notas soltas do piano triste e adormecido. As tuas mãos quentes, dos recantos íntimos do nosso corpo, em sabor e desvario. As tuas mãos, que fizeram o calor do colo frio, da nossa

OCEANO

Fecho os olhos e ainda te vejo, Como esquecer aquele momento, Em que teu corpo, visitou minhas entranhas, Tua consciência, encontrou minha essência, Teu suor, se misturou em minha saliva, Meu coração, em tuas mãos. Como esquecer, Cada palavra dita, Cada gesto, de carinho ardente. Teu olhar fitando, o meu enxergar. Teu beijo, seduzindo minha boca. Teu querer, Dominando, o meu ser. Na vida, Mergulhamos nas emoções, e sentimentos, E com eles, partimos em grandes empreitadas. E é isso, que nos faz gente, Seres de alma, espírito e coração. Com você, aprendi a estar e ser plena, Com coragem suficiente, para mostrar a minha parte mais fraca, Que dela dependo, que dela também preciso. Como é preciso extravasar Todo esse amor que muitas vezes, ficamos contendo, Amor calado. Nada é mais quente, Que um abraço envolvido por carícias. Nada é mais profundo, que um beijo apaixonado. Nada é tão doce quanto o sorriso de teu rosto, Nada é tão pleno quanto a forma que me senti amada. Prazer,,, Pra ser… P

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA do Livro " MAR BRANCO "

AO MAR DO NORTE, MEU MAR BRANCO… Oh mar branco Do norte fundo Envolve minha alma inteira Enrola-me na tua espuma Inquieta e fugidia… Na onda de lua em praia Leva-me para além Do fundo azul Minha nocturna Vivência Que me invadiu de tormenta! Faz regressar minha esperança Naquela bruma de renda Dilui-me toda a saudade Em conchas De fogo vivo Nas chamas Do teu cadinho… Oh mar branco Enche a minh’alma Oh onda De vento deserto Marulha na areia quente Ecoa meu sofrimento Constante no turbilhão … No meu corpo dolente Sofro a vazante Da tua ausência Em cada instante … Oh vento Do mar do norte Regressa cindindo amor Na minha nascente dia primeiro Meu corpo em chama Entrou …. E nunca mais quis sair! FERNANDO MONTEIRO Poeta da Ilha de S.Maria - Açores Mar/81

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA do Livro " MAR BRANCO "

VOANDO…SEMPRE A VOAR Quem me suspende da dor No ar vazio Envolvido De ternura E de amor A tanta altura do mar? Quem estou sendo Afinal Se consigo suspender-me Só No sempre tempo Perdido Voando… sempre a voar? Voando sempre a voar: Da minha mente Fiz asas Do meu corpo O dia zero Que nunca mais Quis parar! Então quem sou afinal Se consegui Suspender-me Naquele tempo perdido Voando Sempre a voar Até ao mundo abraçar? - Consegui meter nos meus sonhos O todo Em tempo limite Do nada ao infinito E voando, voei voei Até minh’alma emprenhar Para o vazio De amor encher … Fernando Monteiro

SAUDADE FALA PORTUGUÊS

SAUDADE FALA PORTUGUÊS Quando vejo retratos, quando sinto cheiros... Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida . Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou vir a ter, se Deus quiser... Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro... Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei, de quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito; daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA Poemas do Livro " MAR BRANCO "

À MULHER DESTRUÍDA ... Em cada mulher destruída há um universo a nascer ... Tu Que recebes resignada em silêncio e aceitas toda a ignomínia excretada desta urbe iluminada que te procura na esquina da vida errante ... para te possuir da noite ... à madrugada! Tu Que transformas as trevas em vil clarão boreal todo o Eros que te envolve e que cobres frustrada a frustração sensual do ego que renasce na escuridão da noite longa da tua alma violada Tu Que deslizas velozmente sem norte e bamboleias tens em ti mesma gerada - Em gestação constante a força da criação o gene virgem - instante que destruirá para sempre a tua sorte danada Tu Ó universo vaginal que pariste para criar vida porque te afundas perdida ... para prazer do homem solto. Tu Ó ente - matriz, ó mãe ó sentidos, ó corpo, ó noite, ó prazer, ó morte instante dos Outros que te procuram - servo cio - porque não voas mais alto da terra verme Liberta-te desse

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA do Livro " MAR BRANCO "

Do Féretro que Levo na Vida, ao Ovni da minha Esperança. A Ti ó Hélida, dorida: Numa noite calada, dos meus sonhos distantes, Teci teu corpo... na miragem do meu nenúfar. Poisei tímido, no teu gineceu errante, E vibrante ... Derramei em êxtase, na minha Hélida, dorida, abatida e sem esperança, ... o último espasmo do meu corpo... Já caía o amanhecer! Fernando Monteiro Fev/81

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA do Livro " MAR BRANCO "

NO TEU CORPO QUENTE Regressei ao horizonte no teu corpo quente Penetrei o meu ser no teu ser ansioso És o tudo ... sou o tudo ... És o nada, também Toquei no teto - universo ... e encontrei-me em ti Já posso partir para o horizonte Para o meu gene perdido que sou eu Tive o tudo tenho o nada Sou o só .... o regressado Vivo suspenso no teu corpo quente Vivo suspenso no teu corpo quente Vivo suspenso no teu corpo quente Fernando Monteiro Dez/80

VITOR CINTRA poema * DEDICAÇÃO *

DEDICAÇÃO Pediste que te abrisse o coração, Até que desvendasse alguns segredos, Mas ao contar-te a vida e seus enredos, Deixei-me dominar p’la emoção. Falei-te de vivências do passado, De mágoas, alegrias, dissabores, Falei-te até de causas e valores, E vi-me a revivê-los a teu lado. E foi ao mergulhar em outras eras, Que fiz extravasar os sentimentos, Angústia e despertar de sofrimentos; Comigo estavas tu, como quiseras, Tentando descobrir esse meu mundo, Num gesto, sem igual, de amor profundo. Vítor Cintra “ Contrastes “

Do Poeta JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

SAUDADE Há tanto que não ouço a voz da fonte, Naquele canto triste e prolongado, Ecoar pelas ravinas do valado, Perder-se nas distâncias do horizonte ! … Há quanto já não vejo aquele monte, Donde a minha infância, descuidado, Via espalhar-se o Sol, em tom doirado, Nas águas do ribeiro, além da ponte ! … Veste de luto a minha mocidade A roxa e melancólica saudade Desse ditoso tempo em que vivia … Ai, tão distante que me sinto agora De tudo que sinto e vi outrora, Quando era alegre e a vida me sorria … José Maria Lopes de Araujo
Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo. Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi. Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro. Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí de uma escada. Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre

José Carlos ARY DOS SANTOS " Poeta Castrado "

Poeta castrado não! Serei tudo o que disserem por inveja ou negação: cabeçudo dromedário fogueira de exibição teorema corolário poema de mão em mão lãzudo publicitário malabarista cabrão. Serei tudo o que disserem: Poeta castrado não! Os que entendem como eu as linhas com que me escrevo reconhecem o que é meu em tudo quanto lhes devo: ternura como já disse sempre que faço um poema; saudade que se partisse me alagaria de pena; e também uma alegria uma coragem serena em renegar a poesia quando ela nos envenena. Os que entendem como eu a força que tem um verso reconhecem o que é seu quando lhes mostro o reverso: Da fome já não se fala - é tão vulgar que nos cansa - mas que dizer de uma bala num esqueleto de criança? Do frio não reza a história - a morte é branda e letal - mas que dizer da memória de uma bomba de napalm? E o resto que pode ser o poema dia a dia? - Um bisturi a crescer nas coxas de uma judia; um filho que vai nascer parido por asfixia?! - Ah não me venham dizer que é fonéti

SIDÓNIO BETTENCOURT " MO(nu)MENTO

Natural da ilha do PICO – AÇORES Poeta e Jornalista. Autor do Livro “ DESERTO DE TODAS AS CHUVAS ” estando prevista para breve a publicação de novo livro. Autor do cd ” BALEEIROS EM TERRA “ . Um apaixonado pela poesia, faz parte do trio de recital " PIANO , POETAS e TROVADORES ". Formado pela pianista Carla Seixas de Lisboa, o cantor Manuel Francisco Costa e pelo próprio SIDÒNIO BETTENCOURT . Apresentador do programa na ANTENA 1 - RDP Açores ” INTERILHAS“ . “ ATLÂNTIDA ” é um programa de TV que apresenta na RTP-Açores, RTP-Internacional e RTP-Madeira. MO(nú)MENTO arde a saliva branca sobre a luz .escura madrugada do desejo trazes o corpo da letra. a letra do corpo da notícia e no corpo a letra que entoa a melancolia trazes o nome do corpo que danças e não te cansas desse teu nome com cheiro a mar trazes . trazes e vagueio sobre brasas como aventureiro acostado ao muro ocioso da festa na agonia das amarras sabes a norte a sul a canal .chuvisco de

....Viver Como eu Sei...Américo Silva

VIVER COMO EU SEI Uma manhã de sol... de vento... ruidosa.. que agita com violência os ramos das árvores que o suportam angustiadas ... indefesas... impassíveis que o sentem e aceitam... que o vivem sem queixume São como nós, que também não podemos sair do caminho que a vida nos escolheu... plenas de angustias... de medos... de noites de tormenta, de pensamentos apavorados à espere que o sol chegue e dissipe a névoa da incerteza. E viver é isto... um momento de angustia... de incerteza um momento de dor... um momento de alegria... um momento de esperança... um momento de luz um momento de prazer... um momento de revolta... Sair da estrada e entrar nela de novo... é achar o nosso destino e aprender a guarda-lo é escolher na corrida vertiginosa da caminhada os momentos que vale a pena guardar Aprender a coexistir com a tormenta e a calmaria é sentir a qualquer hora do dia ou da noite que aconteça o que acontecer... haja o que houver há sempre alguém que mesmo di

Rose Arouck " EU e o MAR "

Enfrento tua imensidão infinda cheia de segredos, Querendo atirar em tuas águas revoltas todos os meus medos E me deparo comigo em degredo Pretendendo insinuar minha alma Em tua vastidão, que acomoda Os meus olhos num azul brilhante e profundo Fazendo-me esquecer as maldades do mundo. Envolvo-me pelas carícias de teus braços de algas; Mergulho, em frêmito pacífico... tu me acalmas, E deixo fluir de meu peito as incertezas Boiadas às distantes correntezas Que dilaceram-me como o despertar de um vulcão. Subo em dupla com as tuas maresias Para incluir em minhas têmporas as fantasias, Que não permitem a minha vida naufragar. Agora estamos sós, e, contemplamos o silêncio, Que elocubra os deslizes do que penso, Para em seguida, os sagarços transformar Em atobás, que inundam petulantes Meu poema, que soberbo nesse instante Luta feroz para não se afogar, afogar... afogar... no ar... no ar ...no ar.

Nilzeth Alcântara ** EXISTE **

Este Poema " EXISTE " da minha querida amiga NILZETH, teve o mérito de eleger o ALMA DE POETA como um "Blog Destaque" no DOCE VENENO. Obrigada amiga, só um coração apaixonado como o teu, seria capaz transmitir tanto sentimento nas palavras, merecedoras de tamanho reconhecimento. EXISTE Existe pessoa que cheira amor Que trás vontade de Paixão; Existe amor que cheira vida, E vida que anda na contra-mão. Existe pessoa que cheira saudade, Trazendo a vontade de nunca esquecer... Existe saudade que dói na lembrança; E trás a certeza de nunca morrer. Existe morte que ocorre em vida; Por não cicatrizar a ferida aberta na emoção... Mas, existe emoção que se faz viva; Que envolve e acalenta o choro do coração. Existe coração que sofre Mesmo sem saber por quê E segue buscando em cada face A falta que sente de você. Existe tudo e todos De forma que não sei dizer; E nesta agonia eu sigo triste Sem rumo e sem amanhecer. Existe amanhecer sem luz, Existe noite sem luar Exist

Eugénio Neves " AFASTAMENTO "

Terá sido assim mesmo em meus sonhos... Essa foto espelha bem o que me vai no pensamento. Ao ver-te de costas voltadas, percorri o único caminho que meu coração conhecia... AFASTAMENTO Amar-te? Sei que te amei, Compreender-te? Não consegui. O desejo maior que a vontade Ficou a enorme saudade Na hora que te perdi, Voltas agora ao mesmo lugar Onde meu coração chora de dor, Reflectes entre o partir e ficar... Será que te vais entregar, Alimentando nosso amor? Eugénio Neves

DEIXOU A SUA INSPIRAÇÃO A " ANA TERESA CRUZ VALENTE "

Lindo e inspirado poema recebido da Ana Teresa , amiga do blog Teresoca à Descoberta do Novo Mundo Tecnológico .....A net tem destas coisas, presentear-nos com o carinho e amizade de pessoas tão distântes e no entanto tão presentes. Beijo com carinho , amiguinha. À DESCOBERTA DO AMOR ... Não, não foi à beira mar que te descobri, Mas foi lá que senti pela primeira vez. O toque quente das tuas mãos no meu corpo, Foi lá que pela primeira vez sentimos Que algo de estranho se passava connosco! Amor? Não. Nunca poderá haver amor entre nós! Porquê? Perguntaste-me! Porque a terra nos separa E, a água não tem força para nos unir! E agora perguntas tu? Que fazemos nós? Conformamo-nos com a terra? Ou damos força ao mar? Não sei! Tenho medo de navegar, Mas desejo cavalgar! E por isso não será nem a terra, nem o mar, Que me fará esquecer o que passámos, Mas será o tempo que decidirá Se é Amor ou se é apenas Saudade! Ana Teresa Cruz Valente

DEIXOU A SUA INSPIRAÇÃO A "ALEX "

Agradeço à Alex do Blog PALAVRAS DISPERSAS,PORQUE A VIDA TEM COR o inspirado texto que me presenteou, conforme pedido no post anterior. Beijo para ti *********************************** No momento em que pisei a areia soube que iria reconhecer-te. Estavas sentado à beira mar e olhavas o mar como quem procura a paz, uma tranquilidade já há muito merecida. Naquela manhã o céu enublado fez do mar o nosso mundo. Olhar-te nos olhos. Ver-te pela primeira vez. Olhaste-me também e bastou um segundo, Entenderes por fim as palavras que te deixei. As que nem sequer te escrevi. Ninguém me fez sorrir assim Percebes agora a necessidade que tenho de ti? Parámos o tempo o quanto pudémos. Prolongámos um sentir, um desejo de mutuo conhecimento. Por favor, não me tires este momento. Ficámos retidos, num silêncio perfeito. Ficámos horas juntos nessa manhã. Meu Deus, eu já sabia que iria ser assim. Levantei-me e segurei os passos ainda inseguros. Saí da praia com a certeza que não voltaria a sentir-te a

Eugénio Neves * TEU NOME *

Sempre que digo o teu nome Sempre que chamo por ti Sinto sede, sinto fome De viver só para ti . Há doçura em minha voz Há ternura em teu olhar , E quando tu não respondes No que me escondes Fico a pensar . O teu nome É todo poesia E tem em si o amor A tristeza e a alegria Tem cheirinho a maresia Simples como um malmequer Tem da nascente a frescura E também tem a ternura De ser nome de mulher Quando digo o teu nome Sempre que chamo por ti Eu quero juntá-lo ao meu E viver só para ti Sempre, sempre que te chamo Teu nome vira canção Se respondes num olhar Fica a cantar meu coração!!! Eugénio Neves
O TEU NOME Sempre que digo o teu nome Sempre que chamo por ti Sinto sede, sinto fome De viver só para ti . Há doçura em minha voz Há ternura em teu olhar , E quando tu não respondes No que me escondes Fico a pensar . O teu nome É todo poesia E tem em si o amor A tristeza e a alegria Tem cheirinho a maresia Simples como um malmequer Tem da nascente a frescura E também tem a ternura De ser nome de mulher Quando digo o teu nome Sempre que chamo por ti Eu quero juntá-lo ao meu E viver só para ti Sempre, sempre que te chamo Teu nome vira canção Se respondes num olhar Fica a cantar meu coração!!! Eugenio

VITOR CINTRA " ÀS VEZES "

Às vezes choro. Às vezes canto. Outras namoro ‘squecendo o pranto. Às vezes sinto, Às vezes não. Outras desminto O coração. Às vezes sonho. Às vezes faço. Outras, suponho, Só embaraço. Às vezes trago, Às vezes levo. Outras apago. Quando me atrevo. Às vezes vejo, Ás vezes não, Outras desejo Não ter razão. Às vezes calo, Ás vezes digo. Outras só falo Se for comigo Vítor Cintra “ Ao Acaso “

O AMOR NÃO TEM IDADE

Quem nunca ouviu esta frase? Nem me lembro da primeira vez que a ouvi, e a partir dai tenho constatado quanta realidade a mesma contém. Na verdade, ninguém pode ter a certeza dos sentimentos do outro, e talvez nem se consiga ter a certeza absoluta dos nossos. Um dia ouvi ou li algo parecido a isto : Posso dizer que te amo e não amar, posso falar que te quero e não querer, posso inventar palavras que te agradam e nem as sentir, mas uma coisa nunca poderei fazer, é olhar-te nos olhos, dizer que te amo, e tu não te aperceberes da verdade através desse olhar, porque os olhos não mentem, são o espelho que reflecte a alma. Acabei de ouvir meu filho cantar junto com o som deste fado de Amália " Nem ás Paredes Confesso " , e o pensamento voou para o momento em que o vi chorar, quando a rapariga que ele amava lhe disse, olhando-o nos olhos que já não o amava mais. Julgo que os jovens têm outra capacidade de encarar esses factos com mais naturalidade do que nós, os pais. Isto le

Isabel *** A Música do Meu Sentir ***

Cada música que gostamos, nos tocou de algum modo, em especial. Marcou um tempo, um momento, um lugar , o amor, uma etapa e tantos outros momentos mais. A música mais antiga que me lembro, é do Nat King Cole, quando meu pai as assobiava, enquanto aos domingos, os dois passeávamos, teria eu uns 6 anos. Mais tarde, era eu estudante , Roberto Carlos, Elvis Presley e outros , enchiam de sonhos as cabeças e os corações dos jovens da época de 70, onde cada letra das canções pareciam ter sido escritas por mim, ou para mim. Depois, veio a fase em que trabalhei na rádio e aí, felizmente tive oportunidade de ouvir belíssima música, criar os meus próprios programas de rádio. As opções eram muitíssimas, foram os melhores anos da música, Dire Straits , Otis Reding, Credence Clearwater Revival , Roy Orbison, Jimi Hendrix, Tom Jones, Frank Sinatra e tantos outros, que é dificil enumerar aqui. Por outro lado, foi também nessa altura , o meu primeiro contacto com a música de Intervenção e

Vinicius de Moraes * Soneto do Amor Total *

SONETO DO AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor... não cante, O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante, Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade, Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude, Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente, Hei de morrer de amar mais do que pude Vinicius de Moraes

Nilzeth Alcântara ** COMO DIZER ... **

COMO DIZER... O sol queima na pele, outro dia chegou… Pousa calada na parede, uma borboleta negra. Inerte, observo a tua foto congelada na tela das recordações... Quadro de um passado ainda tão presente. Vivas, suas lembranças permeiam, num pensamento sem som. Ah! Como dói perder o sonho que foste um dia; O desejo que se esvaiu por não te encontrar... Como arrancar aqui de dentro, esta coisa que contradiz... Como sublimar no sentimento, este fracasso sem dores. Como te dizer, AMO-TE! Como esconder que no coração, Encontra-se calado o aroma do nosso amor, nossa paixão; O sabor do beijo que não sentimos O afago das mãos que não vivemos, A loucura do amor que não fizemos. Fecho os olhos… Retrato num sonho a tua imagem, Que surge a brincar de ciranda na amarelinha riscada; Anjo tão sublime beijando-me a cada anoitecer. Como romper esta dor... Dor, que mata e destrói. Como afastar você da minha vida, Se mesmo negando, é tu a luz que necessito para viver. Anjo! Diz-

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO poema *** SEGREDOS ***

Visite também o blog onde se encontram publicados poemas deste Poeta Açoriano, JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO REMOS PARTIDOS SEGREDOS Trago em meu peito segredos, Tantos segredos guardados... Segredos doutros segredos, Que nunca foram contados. A fonte diz-me segredos; Segredos me diz o mar, Quando bate nos rochedos, A luz triste do luar!... Segredos conta-me o vento, Se o ouço à noite, a gemer; Segredos do seu tormento Que só eu posso entender. Diz-me segredos o cardo, O tôjo, a rosa, o jasmim... Ai, quantos segredos guardo, Para sempre, dentro de mim! E quando o sol, de mansinho, Vai perder-se no poente, Segredos me diz, baixinho, Da sua mágoa pungente ... E a noite diz-me também Segredos da solidão, Que só eu, e mais ninguém, Pode ter no coração. Um segredo só existe De que eu sei o encanto: - A razão porque sou triste ... - Porque choro quando canto. JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO do livro de Poemas " NOITE DE ALMA "

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO poema ~~ NO MEIO DO MAR ~~

NO MEIO DO MAR Nasci nas ondas que beijam As encostas dum vulcão… E quando à noite adormeço A minha terra é o berço Que embala meu coração! Por tecto só tenho nuvens Meu horizonte é o mar… Se tivesse asas, um dia, Certamente que partia Para nunca mais voltar. ……………….. Querer partir e não ter Um chão para caminhar JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO do Livro de poemas " HORAS CONTADAS " 1992

ÂNGELO GOMES * O Teu Corpo *

O TEU CORPO... Deixa-me acordar, sorrir, esbracejar Em cada alvorada de sonos inquietos Pensamentos lentos, lista de afectos Tua voz sentir, acto de inventar Desenho o teu corpo enquanto desperto De suave tecido em mãos de ternura Que beijo e rebeijo com tanta doçura E amo e possuo como se estivesses perto Que venham sóis, chuvas ou tormentas Que toquem os sinos abordando rebates Que caiam ferros, pedras, alicates Que as bocas estejam secas e sedentas Oh... como adoro o teu corpo de frescura Razão das razões... toque de magia Que invade o meu, deixando nostalgia Saudade intensa, retrospectiva pura Corpos colados, invasão das mentes Selados em lençóis ou calmas areias Torcendo, mexendo, como centopeias Acabando molhados, sôfregos, ardentes Adoro o teu corpo de sonho e desejo... Suporte de um todo que vejo e revejo. Ângelo Gomes – 18 de Outubro de 2004

Florbela Espanca " A Nossa Casa "

A nossa casa, Amor, a nossa casa! Onde está ela, Amor, que não a vejo? Na minha doida fantasia em brasa Constrói-a, num instante, o meu desejo! Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o nosso beijo Será mais puro e doce que uma asa? Sonho...que eu e tu, dois pobrezinhos, Andamos de mãos dadas, nos caminhos Duma terra de rosas, num jardim, Num país de ilusão que nunca vi... E que eu moro -- tão bom! -- dentro de ti E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

Astrolábios "Volupias de Luar"

Tenho saudades do teu sorriso, Da tua carne, da tua alma, Lembro-te com a alma triste, Revejo-te na noite calma. Se eu fosse, sombras da sombra, Levantar-te-ia numa onda, De volupias e sombra, Num sonho de aventura. O nosso espírito adora a lua, Sobrevoa qualquer mar, Pelo ar místico flutua, Neste esplêndido luar. Ao raiar da manhã estás comigo, Só de noite o teu corpo, Não o tenho no meu abrigo. “Astrolábios "

Nilzeth Alcântara " Sonhar "

SONHAR Sonhar! É dizer à ilusão que você existe. É buscar no impossível, a essência de tudo o que representas para mim... Arrancando das cinzas, a tua imagem viva e o teu sorriso sincero. É vestir de rendas a vontade que sinto de estar em você. Sonhar! É viver a loucura da tua loucura. Querendo pingos de chuva, cascatas de prazer. É pedir ao vento, para dizer ao tempo para me levar; Levar-me aos teus braços, para no teu abraço, eu me aconchegar. Sonhar! É contar estrelas, criar arco-íris; É banhar o meu corpo no mar do teu; Saciar minha boca na fome de tua boca; É sentir anoitecer, mesmo que neste instante ainda seja meio dia. Sonhar! É amar... Viver... Pertencer ... Te adorar. É fundir o ontem no hoje, e não ter medo do amanhã; É vencer, tremer chorar... É acima de tudo acreditar que somente você, é capaz de me fazer sonhar. Sonhar! Nilzeth Alcântara 19/06/2005

PAULO COELHO " Encerrando um Ciclo "

ENCERRANDO UM CICLO - Paulo Coelho (O Globo - 22/08/04) Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos est

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO ** Ao Cair da Noite **

AO CAIR DA NOITE Senta-te aqui … aqui, junto de mim. Vem-me dizer o que a tua alma sente … Que eu quero ouvir, embora tristemente, A mágoa atroz que te amargura assim ! … Quero saber ... minha Alma de Poeta É um convento enorme de ilusões E nele os prantos são as orações Que adoçam bem o meu viver de asceta ! José Maria Lopes de Araújo “ Noite de Alma “

Florbela Espanca "AMAR"

Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar Florbela Espanca

Sou CONCHA* ...

  Sou naufraga no oceano dos teus afagos, Onde me afogo no mar dos teus braços. Sou coral de mil cores e flor de muitos odores. Sou mulher de muitos amores... Sou Concha* ... Sou Pérola de colecionadores, Sou gaivota voando livre, Neste céu e mar só meu, Quem serei eu afinal?! Se por sinal, esta sou EU ! Isabel  C.

AMÈRICO *** Palavras São Caminhos ...***

Palavras São Caminhos... São a voz da alma liberta ou inquieta , São a imagem do sonho exótico impossível ou louco.... São mares e são rios, São remos e faróis. São noites que não acabam recordações que não morrem São luzes que se acendem, São luzes que se apagam Palavras são sons.. De portas que se fecham De lágrimas silenciosas De angustias escondidas De gritos de alegria... De gritos de revolta De noites por dormir, De madrugadas esperando o sol De vozes que se foram De vozes que chegaram Palavras são imagens... De searas ondulantes De abraços por sentir... De fogueiras a arder.. De rios por navegar... De florestas por descobrir De sentimentos por desvendar De medos por destruir... De segredos por dividir... Palavras são encontros... Num cais desconhecido Numa praia misteriosa Numa montanha deserta Numa cidade cinzenta Num deserto sem areia Numa rua sem ninguém Num vulcão adormecido Numa estrada sem destino... Palavras são destinos...

Lúcio Neves Poema de Amor

Ah visão imaculada Que me surges por entre os lençóis E me deleitas o olhar, Me pões aos teus pés No chão a suplicar. És manhã fria de gelar Final e todas as orações Água de todas as monções. Afoga-me no teu bolinar Pede-me mais em suplicio Faz-me gemer e gritar Oh anjo! Que de mil penas Nenhuma pena tens de mim Tu que te sentas no trono de marfim Rainha de toda a minha razão... Regente deste sangrento coração. És vida! E que de tanto amor te dar Minha alma anda perdida!!! Lúcio Neves

Florbela Espanca

Li um dia, não sei onde, Que em todos os namorados Uns amam muito, e os outros Contentam-se em ser amados. Fico a cismar pensativa Neste mistério encantado... Digo pra mim: de nós dois Quem ama e quem é amado?...

VITOR CINTRA " Egoísmo "

EGOÍSMO Sou pedra implantada à beira mar, Sofrendo as investidas da maré, Sentindo, lentamente, esboroar A terra firme que me tem de pé. Viver, a vida toda, em solidão, Ter gente à volta mas vivendo só, É ter, do mundo, toda uma visão De tronco morto, que caiu no pó. Gritar ao mundo, raiva, desespero, Calando mortes, lágrimas e dor, É grito tolo, grito de egoísmo; É como ter, apenas, o que quero Sem ter terra firma de amor Que evite a queda certa no abismo. Vítor Cintra “ Ao Acaso “

AMÉRICO *** Quero ***

QUERO... Ser teu ombro, teu colo, teu amigo Sentir-te, nos momentos alegres e tristes Ser tua luz, na mais escura das noites Ser teu sol no mais brilhante dos dias. Quero... Ser tua força, teu espaço, teu horizonte Quando mais nada existir na tua frente Quando todos os outros se esgotarem Um momento antes do desespero... Quero... Olhar contigo o dia nascer e o sol pôr-se Sentir o ruído das ondas, o sopro do vento Sentir o calor do teu corpo...no brilho Do teu olhar, na emoção da tua voz... Quero... Deixar minhas mãos mexer na tua pele Despertar os teus sentidos, acordar-te... Fazer da menina... mulher romântica...louca Num gesto atrevido, numa palavra sensual Quero... Correr contigo ao encontro da noite.... Libertar-te de todos os pesos... Despir a tua roupa, acariciar teus cabelos Teus seios, tuas costas… tuas coxas... Quero... Entrar na cama contigo, deitar-te, beijar-te Estender-te na minha frente...abraçar-te Com jeito...minha boca no teu ouvi

VITOR CINTRA * Sensualidade "

SENSUALIDADE Caiu a noite! E o marulhar das ondas, Embala em sonhos um amor distante, Que tu desejas, com ardor e ânsia; Mas nesse arquejo de paixão, que rondas, Nem o negrume da saudade errante Encurta o tempo, longo, da distância. Sentindo o sonho vir, tornado alento, Enfeitiçar-te, num desejo atroz, Agigantado nesse marulhar, Transpões a noite, pondo o pensamento Na fantasia, da avidez feroz, Dum outro amante, que te saiba amar. Vítor Cintra “ Momentos “

"PERDIDAMENTE" Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

Kalinas * Porque...*

Porque gosto de ti? Porquê? Porque te quero e te desejo! Muito…! Porque, te ofereço flores, Porque, te transformo numa flor… Perfumada e bela, Cheia de cores, Porque, és a flor mais bonita Deste meu jardim, A mais bela e vistosa, A mais virtuosa… A que me dá mais prazer, Aquela que quero cheirar E olhar… Roçar nas tuas pétalas Deixar o meu pólen, Nos teus estigmas, Polinizar-te, Com o meu sémen Criar… Viver… E depois morrer! Kalinas

EUGÈNIO ANDRADE * As Palavras *

AS PALAVRAS São como um cristal As palavras. Algumas, um punhal, Um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: Barcos ou beijos, As águas estremecem. Desamparadas, inocentes, Leves. Tecidas são de luz E são noite. E mesmo pálidas Verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem As recolhe, assim, Cruéis, desfeitas, Nas suas conchas puras? Eugénio de Andrade, Coração do Dia

VITOR CINTRA ****** ELAS *****

ELAS São elas que nos fazem ficar tontos Dizendo agora " sim " e logo " não ". São elas que nos marcam os encontros E lançam, por capricho, a confusão. São elas que nos fazem, sem respeito, Olhinhos, simulando a indiferença. São elas que procuram, num trejeito, Mostrar-se, quando impõem a presença. São elas que provocam, com perícia, Com arte, com requebros de malícia, Os sonhos, que se fingem nas novelas. São elas que se tornam, na essência, O doce e amargor duma existência Que não se sentiriam longe delas. Vitor Cintra " Momentos "

Só para Dizer Que te Amo

Só para dizer, que te amo, Escalo montanhas ... Para chegar ao topo do teu coração. Só para dizer, que te amo, Percorro com os pés descalços O rio gelado que percorre as veias, E atinge, o teu coração. Só para dizer te amo Peço ao sol que brilhe... Só para ti. Só para dizer te amo, Choro a saudade da tua ausência E peço que voltes depressa, Sómente para dizer que....TE AMO! Isabel Valente

Vitor Cintra " SONHO "

SONHO Chegaste ... de repente e sem aviso ! O delírio, num sorriso, chamando. Corpo e alma e tudo em mim vibrando, no vislumbre do ensejo, numa ânsia, num desejo, de ti. Ilusão que me sorri! Contraste doutros dias, maus, sem fim. Vitor Cintra " Momentos "
Duma amiga que a net me presenteou, aqui fica um poema que amávelmente me enviou. Um beijo para ti Céu Saudade Não posso viver sem ti Não quero viver sem ti. Dizem-me que sou forte Que a vida continua... Mas eles não sabem Que nós éramos um, E se éramos um, Como separar uma parte? Não Gi! Eles não entendem, não sabem, Porque não se amam como nós. Eu sei que não queres que eu chore Não posso suster as lágrimas Lágrimas de amor, saudade, Tristeza por não te ter comigo. Sofro muito e sei que tu não queres. Mas tu conheces-me, Tu sabes que não sou tão forte assim. Como é difícil passar sem as tuas mãos, O teu carinho, A tua loucura por mim. Gi, olha por mim. Ouve-me, ajuda-me, Espera-me. Maria do Céu Câncio 1999.09.25

Miguel Torga " Súplica "

* SÚPLICA * Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim. Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada Miguel Torga

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO *** Amor Supremo ***

*** AMOR SUPREMO *** Amei o vento, em doida correria, Por noites de medonha tempestade … Amei …Amei a minha mocidade … Escura noite, em vez de claro dia. E quis manhãs alegres, radiosas, Manhãs cheias de sol, cheias de luz; E amei até a minha própria Cruz, Feita de dor e lágrimas saudosas! Amei o mar e a onda enraivecida Que vai perder a sua própria vida, Contra o rochedo velho, secular … Amei enfim, a Natureza inteira … Mas, das paixões é esta, esta a primeira, Pois, como a ti, eu nunca soube amar! José Maria Lopes de Araújo do livro de poemas “ Cinzas Quentes “

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO poema ** AMOR **

AMOR No vasto mar, no céu ou na montanha, Na serra ou no planalto adormecido, Eu vejo-o a vaguear tonto e perdido, O louco amor ….essa figura estranha ! Amor, irmão da noite ….amor tristeza, Amor escuridão …tédio …pavor … Nostálgica visão de sonhador … Amor inquieto e feito de incerteza ! Amor em labareda … Amor em chama… Amor que aquece a alma regelada … Que chora e ri, e canta, e geme , e clama Em vão! … Amor que é tudo ! Amor que é nada ! … Quando sofro, alivio a minha dor, Chorando; e quanto é bom chorar assim … Com lágrimas dizendo, como em mim, Crepita e arde o fogo dum Amor ! José Maria Lopes de Araújo do livro de poemas “ Noite de Alma “

JOSÉ MARIA LOPES DE ARÚJO poema ** Paisagem **

PAISAGEM Trinados de passarinhos, Sombras frescas, perfumadas, Pastagens, fontes e ninhos E nascentes encantadas! Por solitários caminhos, Em alegres madrugadas, Trabalhadores e velhinhos Passam com suas enxadas. Na aldeia, só finda a vida Quando o sino duma ermida Dobrando toca Trindades. Quando vai o sol morrendo E vem a noite descendo Num crescendo de saudades! José Maria Lopes de Araújo " Noite de Alma "

JOSÉ MARIA LOPES DE ARÚJO poema " Outono da Vida "

OUTONO DA VIDA No doloroso rescaldo das labaredas Que queimaram meus sonhos, minhas esperanças, Vem a misteriosa voz do longe Gritar mensagens íntimas, poemas singulares, Em cantares do meu sentir... Presidiário do Mar, Meu desumano carcereiro, Sentindo-me cada vez mais só, Abafado no silêncio esmagador Desta insular solidão, Da minha amarga dor, Saí de mim próprio, em louca evasão... Queria gritar, bem alto, De modo que todo mundo ouvisse, O verbo amar ... o verbo amar, Em noites de luar, Ou manhãs de frio vendaval. Que loucura a minha ... Quero receber as gotas de mágoa Das horas distantes do meu viver ... Estou no Outono da vida ... Quando as folhas ressequidas rodopiam E a brisa chora como violino gemebundo ! ... Há palavras que não entendo Na minha solidão: O ontem, o hoje, o amanhã E aquilo que vive, cá dentro, Cá dentro, no coração ... O silêncio das coisas, O sal das lágrimas, Os sorrisos tristes, As esperanças diluídas , As chuvas, que sã

JOSÉ MARIA LOPES DE ARÚJO ** Ilha de Santa Maria **

ILHA DE SANTA MARIA Quem pode partir, um dia, Sem nunca mais te lembrar ?!... Ó minha Santa Maria, Quem te pudesse abraçar ! Tenho saudades de ti, Dos teus vales, dos teus montes ... Foi por ti que me perdi, Ouvindo o canto das fontes ... ... E dos grilos, ao luar, Nas noites quentes de estio, Da brisa que vem do mar, No Inverno , cinzento e frio. Se, na tua soledade, Te debruças sobre o mar, Mais cresce em mim a saudade De te ver e te abraçar ! ... Ó minha Santa Maria, Ilha tão abandonada ... Rainha fizeram-te um dia ... Hoje, escrava, não tens nada ! ... Onde estão as velas brancas Dos teus moinhos de vento, Que a brisa punha a girar, Em constante movimento ? E o moleiro já cansado, Subindo a colina, tinha No velho rosto, enrugado, Sulcos fundos de farinha ! ... E na tarde, quando o sino Dobrava, ao longe, Trindades, Marcava no meu destino, Um destino de saudades ! ... Tuas santas tradições, Em Maio, mês de Maria, No Terço e nas orações Que, nas aldeias. de dia, O povo ia rezando Me

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO " Tempo...Idade...Distância "

TEMPO….IDADE … . DISTÂNCIA Tempo? Não! … Para o amor O tempo não vale … O tempo só conta na dor, O tempo só conta no mal! … Para amar O tempo não sabe contar ! Idade? – Não! … Para amar não há idade … Nunca envelhece o coração Que amar ! … Que o amor não sabe contar ! … Distância? – Não ! … Para amar não há distância, Nem tempo, nem idade … Que idade, tempo e distância, Tudo transforma a saudade ! Distância ? – Não ! … Galga tudo o pensamento; De tal maneira Que num momento Corre o mundo, E até vive a vida inteira Num segundo! Distância? – Não! … Não há distância para amar, Que o amor não sabe contar ! … José Maria Lopes de Araújo " Cinzas Quentes "

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO * Amargo Anseio * do Livro " Noite de Alma " Publicado em 1964

O meu Agradecimento ao filho do Poeta " LOPES DE ARAÚJO ",que amávelmente me ofereceu alguns livros, edições esgotadas, e que reconhecidamente aqui agradeço. O poema abaixo , foi publicado no seu primeiro livro " NOITE DE ALMA " no ano de 1964. O Poeta José Maria Lopes de Araújo , completaria no próximo dia 25 de Janeiro o seu 86º. aniversário. Tratando-se de uma pessoa a quem dedico enorme admiração, tanto como poeta como pela obra feita em vida , em prol dos desfavorecidos meus conterrâneos ,tendo desenvolvido um meritório trabalho na " Sopa do Pobre " ,tal como o efectuado na área da Cultura, da Poesia entre outros. Foi enorme a sua dedicação a esta ilha à qual dedicou uma importante parte da sua vida tendo-lhe chamado " A MINHA TERRA ADOPTIVA ". Lembro do excelente Professor que foi. Na área da cultura, levou à cena algumas importantes peças de Teatro Revista músicado , da quais destaco " ESTÁS-TE CONSOLANDO" por nes

JOSÉ RÉGIO " Cântico Negro "

** Cântico Negro ** "Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vos

VITOR CINTRA - " Crescer "

CRESCER Ontem mesmo fui criança; Fiz a ‘scola, Joguei bola; É bem viva esta lembrança. E, num sonho deslumbrante, O futuro Vi seguro, Quis ser homem, um gigante. Ao tornar-me adolescente Tive esp’rança Na mudança; Do futuro fiz presente, Vi a vida muito cedo; Vivi longe, Como monge; Fiz a guerra e tive medo. Só então fiquei adulto; Noutro mundo, Mais fecundo, Fiz-me um homem, não um vulto. Vivi sempre a liberdade Com respeito, P’lo direito. Só não tive mocidade. Vitor Cintra

VITOR CINTRA poema " Dói "

DÓI Quero-te tanto que dói ! Mas, nesta dor miudinha, Profunda, doce, daninha, Há um encanto d’esperança. Nela tu és, por lembrança Dos tempos da mocidade, O mito da f’licidade, Que o meu desejo destrói. Por cada mulher que vejo, Sinto ternura e desejo. E todas as que conheço Acho bonitas, confesso. Mas sinto, porque te quero, A dor do meu desespero. Aquelas, com quem cruzei, Só possui, nunca usei. Não fiz batota com elas, Nem fiz promessas balelas. Dei, nessas posses, carinho. Não quis vivê-las sózinho. Mas esta dor, que corrói A mente, como a vontade, Resulta da intensidade Do teu fascínio. Enquanto Minha alma cede ao encanto, Meu corpo grita bem alto, Sentidos em sobressalto: Quero-te tanto que dói. Vitor Cintra - “ Contrastes “