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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2007

* OFICÍO DO AMOR * de Joan Salvat - Papasseit - Do Livro * ROSA DO MUNDO *

OFÍCIO DE AMOR Se conheces o prazer, não escatimes o beijo Pois o prazer de amar não comporta medida. Deixa-te beijar e beija tu depois, Que nos lábios sempre é onde o amor perdura. Não beijes, não, como o escravo e o crente, Mas como o viandante à fonte oferecida. Deixa-te beijar – ardente sacrifício – Quanto mais queima mais fiel é o beijo. Que terias feito se tu morresses antes, Sem mais fruto do que a aragem no rosto? Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos - amante ou amada – a taça muito alta. Quando beijes, bebe, o copo sare o medo: Beija no pescoço, o sítio mais formoso. Deixa-te beijar, E se ainda te apetece Beija de novo, pois a vida é contada. Tradução de : JOSÉ BENTO Catalunha JOAN SALVAT – PAPASSEIT (1894-1924)

POEMAS DE AMOR do Livro " A Rosa do Mundo "

ELE : Quando embriagada pelo doce vinho viu os arranhões de amor que ela mesma me infligira partiu ofuscada pelo ciúme Tomando-a pela franja do seu sari detive-a ... Como esquecê-la quando me disse : “ Deixa-me,deixa-me! ” olhando para trás os olhos cheios de lágrimas os lábios tremendo de despeito O POETA : Os amantes arrastados pela torrente do seu amor e contidos pelo dique das pessoas mais velhas da casa estão ainda juntos mas não podem satisfazer os seus desejos Imóveis como se tivessem sido pintados bebem o néctar da paixão com que os brindam os negros lótus dos seus olhos ELA A UMA AMIGA: Quando o meu amante se deitou a meu lado por si só se desprendeu o meu cinto e mal suspenso da cintura o vestido deslizou-me pelos quadris É a única coisa que sei pois mal senti o contacto do seu corpo de tudo me esqueci: de quem era ele de quem era eu de como foi o nosso prazer ELE : Esmagados contra o meu peito os seus seios estremecem. Entre as suas coxas flui a seiva doce do amor... “ N

Vinicius de Moraes * SONETO DO AMOR TOTAL *

SONETO DO AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor... não cante, O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante, Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade, Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude, Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente, Hei de morrer de amar mais do que pude Vinicius de Moraes

SIDONIO BETTENCOURT " MÚSICA CELESTIAL "

O vento consome-se. Deleita massacres mensagens atlânticas com orquestras de mil e tal violinos. É o ciclone a enraizar invernias cuspido das latitudes as muitas sinfonias. O berço. O arpão no rasgo das rotas caça o maestro dono da ilha. Da casa. Leva o tecto do mar. O bafo das cagarras. O desafino. Levamos nos olhos o transporte. A carícia das mãos no corpo da rocha. A baleeira no canal à deriva. O vento consome-se com. Some-se. Deleita massacres mensagens atlânticas com orquestras de mil e tal violinos. O esqueleto do mar rocha abaixo sem estaleiro. O que vai ser disto? Outra vez o rumo a destriur o leme e o cardume no colo do xaile. Outra vez outra voz a promessa adiada. Sidónio Bettencourt Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "

MÃE do poeta JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

A minha Mãe É ela quem me afaga com carinho, Nos felizes momentos de ventura! É ela quem me fala de mansinho, Nas horas de tristeza e de amargura! E, junto dela, quanta vez, sonhando, Na minha infância alegre acalentei Tanta ilusão que o tempo foi gastando… Sonhos de amor que nunca mais sonhei! Ter mãe é ter na vida amparo e crença, E rumo e fé! É ver uma alvorada, Rompendo mansa a treva negra e densa Da noite da nossa alma torturada! … ********************** JOSÉ MARIA LOPES DE ARAUJO do Livro " Noite de Alma "

NATÁLIA PAIVA poema " Criança "

Criança ... De encantadora inocência Olhar lindo, Repleto de ternura, Se me olhas assim, Eu choro! Abraça-me! Rodeia-me com teus bracinhos trémulos, Tão fortes na tua candura... Afaga-me! Deixa-me penetrar em teu mundo; Deixa-me aquecer meu coração arrefecido Pequenina, Como és grande para mim! Em meu regaço, Não sou eu que te afago, Que te acarinho, Que te rodeio de amor, Não permitindo que o teu mundo Seja perturbado pelos grandes ! ... Por um minuto, deixa-me pensar Que serás sempre criança ; Que não terás de deixar O teu mundo pequenino Para trilhar O ignoto turbilhão da vida ! ... Pequenina, afaga-me! Porque de nós dois, sou a grande Embora criança também. Aperto-te contra mim, Tão pequenina em meus braços; Tão pequenina, que te embalo E aperto-te muito...muito ! Mas gritas ... Magoei-te ! Vês ? Sou grande ! Sou egoista ! Apertei-te e tu choras-te. Eu choro ainda ... E afinal pequenita, A criança ... sou eu ! De Natália Paiva - Ilha de S. Maria - Açores Do Livro de ADRIANO FERR