Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2004

Américo poema " Palavras Para Quê? "

PALAVRAS PARA QUÊ? Palavras para quê, se os olhos as dizem fechados? Palavras para quê, se os lábios as dizem calados..? Palavras para quê, se as mãos as dizem quietas....? Num encontro gostoso, sem pensar demasiado, Numa loucura expontânea, que surge inesperada, Como uma chama que alastra na erva ressequida, Na roupa que cai no chão, no corpo que fica a ver-se. Num momento...num gesto, um abraço...um beijo de pé, Uma cama que espera,um abraço mais forte....um suspiro, Dois corpos que se juntam.... eterno ritual de prazer e paixão Num gemido suave... mais outro e muitos mais... Na procura do que somos, de onde viemos, para onde vamos Nos olhos abertos, nos lábios a falar,no toque das mãos... Num obrigado na voz, no brilho silencioso dos olhos incrédulos Num espaço solitário,no tempo que acabou sem começar Nma viagem fascinante, numa miragem exótica... Da vida,do agora,do tempo que passou e se esfumou Do amanhã que queremos viver hoje,enquanto sentimos No cal

Cecci ** Anjo **

Tarde, bem tarde, noite bem alta E eu estou ainda pensando em você... Dorme meu anjinho, dorme assim tão linda Que o dia não tarde a chegar. Durma que eu estou perto, Mesmo estando longe O meu coração e minha alma também Sempre ao seu lado estão....Meu bem... Cecci

Primeiro Encontro

“ A vida é de facto feita de momentos, que a marcam e a definem que a temperam e agitam, que lhe dão cor e direcção” . Esperava, de pé, na calçada do passeio, na beira da marginal, duma cidade à beira mar. Nas suas costas o oceano, na sua frente um estádio de futebol. Esperava por alguém que havia conhecido na net... Um encontro igual a muitos outros milhões que diáriamente acontecem por esse mundo, das mais variadas formas, envolvendo pessoas tão diferentes e tão diversas que jamais aconteceriam duma forma convencional. Era alta, esbelta, cabelo curto alourado de menina de colégio dos anos 60...ou 70, camisola de gola alta branca, com um casaco de cabedal por cima...calças de lycra azuis. Foi ali que os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Atravessou decidida a estrada ao meu encontro. Trazia nos olhos um brilhozinho estranho, no rosto um sorriso aberto e trocista a que a covinha na face dava relevo. Na voz clara e bem timbrada, um nervosismo dissimulado na sau

Antoine de Saint Exupéry

Cada um que passa em nossa vida passa sózinho... Porque cada pessoa é única para nós, e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida passa sózinho, mas não vai só... Levam um pouco de nós mesmos e nos deixam um pouco de si mesmos. Há os que levam muito, mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito, mas não há os que não deixam nada. Esta é a mais bela realidade da vida... A prova tremenda de que cada um é importante e que ninguém se aproxima do outro por acaso... Saint Exupery

Fernando Pessoa " Liberdade "

Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Fernando Pessoa

Florbela Espanca " O Meu Desejo "

O MEU DESEJO Vejo-te só a ti no azul dos céus, Olhando a nuvem de oiro que flutua... Ó minha perfeição que criou Deus E que num dia lindo me fez sua! Nos vultos que diviso pela rua, Que cruzam os seus passos com os meus... Minha boca tem fome só da tua! Meus olhos têm sede só dos teus! Sombra da tua sombra, doce e calma, Sou a grande quimera da tua alma E, sem viver, ando a viver contigo... Deixa-me andar assim no teu caminho Por toda a vida, amor, devagarinho, Até a Morte me levar consigo.

AMÉRICO " O Homem Idoso " Relato duma vivência

Estava sentado em frente da casa, nos degraus de madeira da escada antiga. Era idoso,entre os 70 e 80 anos , e tinha o olhar fixo num ponto qualquer da rua em frente, com árvores enormes, rigorosamente alinhadas de ambos os lados. Já caiam algumas folhas amareladas pelo frio da noite que, as começara a arrancar do verde abundante , que ainda tingia as que resistiam aos ares frios que a noite trazia, já anunciando o Inverno. Era Setembro,o outono chegara. O sol descia devagar, embora quente, já não tinha a intensidade das semanas anteriores. Não havia carros na rua , e o olhar triste do homem idoso lá continuava parado,absorto nos seus pensamentos,nas suas recordacões , decerto do tempo que passara tão depressa,nas mudanças que aconteciam tão inesperadas e imprevistas. A boina não cobria totalmente os cabelos brancos e curtos , nem a face magra marcada pela vida óbviamente de camponês. Mãos calejadas e braços secos do duro trabalho do campo. O seu aspecto, embora sombrio er

* AMOR PLATÓNICO * Legião Urbana

AMOR PLATÓNICO Eu sou apenas alguém ou até mesmo ninguém talvez alguém invisível que a admira a distância sem a menor esperança de um dia tornar-me visível e você? Você é o motivo do meu amanhecer e a minha angustia ao anoitecer você é o brinquedo caro e eu a criança pobre o menino solitário que quer ter o que não pode dono de um amor sublime mas culpado por quere-la como quem a olha na vitrine mas jamais poderá te-la eu sei de todas as suas tristezas e alegrias mas você nada sabe nem da minha fraqueza nem da minha covardia nem sequer que eu existo é como um filme banal entre o figurante e a atriz principal meu papel era irrelevante para contracenar no final no final no final...

Vitor Cintra " Depois... "

DEPOIS... Se, cada vez que a fizesse, A jura fosse cumprida, Talvez jamais sucedesse Sentir-se tão deprimida. Depois do tempo do sonho, Ante a crueza da vida, Não há futuro risonho P'ra quem viveu iludida. Os olhos contam mágoa - Às vezes tão rasos de água, Que fazem crer que é sentida - E a dor, que gera o desgosto, _ Muito maior que o suposto - P'la inocência perdida. Vitor Cintra " Relances "

AMÉRICO " O Primeiro Passo Sério na Vida "

Não chegamos onde estamos por mero acaso,não brotamos do vento,nem do mar nem do ar. A nossa caminhada foi uma jornada repetida ao longo de todos os dias que vivemos, de todos os momentos que passamos, bons e maus, e foram eles juntamente com as pessoas com quem nos cruzamos que nos fizeram o que somos, que são a nossa história. A minha é igual a tantas outras, com mais baixos do que altos,com mais trevas do que luz, mas é essencialmente uma história dum menino pobre, nascido duma família humilde mas orgulhosa, numa época difícil, numa aldeia pequena, entre duas montanhas, onde o vento norte sopra frio e forte. É a história de alguém que ousou desafiar o mundo, olhar em frente e nunca deixar o sonho morrer, a adversidade vence-lo. É a historia da determinacão, da teimosia, do firmar dos pés no chão e da alma no horizonte distante e correr ao seu encontro indiferente as dificuldades,as barreiras sociais e físicas, ao remar contra a maré no mar revolto da vida… Vou abrir-me con

FERNANDO BIZARRO - Poema - * Para uma Pérola no Atlântico *

Tanto Mar Tanta dor Tanta lágrima Para brotar Tantos Sonhos Tanto Amor Que ainda tens Para ofertar -------------------------------------------------------------------------------- Para "Alma de Poeta ", a propósito do Poema: Há uma Lágrima Escondida Colocado por Fernando B. às 11:17 PM http://lusomerlin.blogspot.com

AMÉRICO " Liberdade de Sentir "

LIBERDADE... de sentir Gostei dessa voz que é a tua voz... de menina Gostei deste mar que brilha na noite silenciosa Gostei deste som que corre os nossos sentidos Mexe na nossa pele,vagueia na nossa mente Que é tambem um pouco do teu mundo Um pouco dos teus sonhos adormecidos Um pouco das tuas esperanças inquietas Um pouco de ti presa nas nuvens da ilusão Gostei desta ilha escura,adormecida Destas gaivotas sulcando o céu suavemente... Do luar escondido nas nuvens a bater na água E a deixa-la prateada...reluzente..misteriosa... Gostei desta música viva e profunda Deste tom estridente e surdo... Desta imagem exótica que nos traz Mistério,ilusão,energia,paixão,sonho...VIDA Gostei de calar a noite com este poema De acordar a madrugada com estas palavras De esperar o sol com meus sonhos De correr na vida atrás do destino.... Junho 2004 Americo.

AMÉRICO * Hortênsia Azul...Hortênsia Lilás *

* HORTÊNSIA AZUL, HORTÊNSIA LILÁS * Alo Mulher Açoriana .... Do nevoeiro subindo lentamente as escostas verdes Das colinas da tua Ilha encantada Nas manhãs de sol de Outono ou Verão,Primavera ou Inverno Alo Mulher Açoriana ... Das lagoas quietas e dos vulcões adormecidos Da Caloura silenciosa...quente...vibrante...molhada Das Furnas a cheirar a enxofre.... No centro de montanhas vestidas de verde... Dos enormes pedregulhos emergindo do mar dos Mosteiros. Da Lagoa do Fogo bela e silenciosa... Alo Mulher Açoriana .... Do mar cinzento com os barcos de velas brancas, Sulcando o horizonte distante Das noites de chuva miudinha e de vento soprando forte Das hortênsias que se agitam na beira da estrada molhada Do silêncio que se deita sobre a tua ilha adormecida Escondendo a alma apaixonate dum povo humilde e orgulhoso. Alo Mulher Açoriana ... Do vapor que se desprende da terra... Do vento que sopra forte...das gentes que correm apressadas Das crianças brincando n

ANIVERSÁRIO " Meus Poemas "

Tens algo de especial Ao qual nada se compara... É algo que não parou no tempo E que está em constante mudança... É aquele toque festivo que adicionas A uma festa ou reunião de amigos... São as palavras de apoio e os pensamentos que partilhas, É a alegria que transmites Em tudo o que fazes. É algo de especial em ti Que te distingue de outras pessoas. Vem do interior do teu coração e Estende-se pela felicidade que Traz aos que te rodeiam, Pela tua forma simples de estar. POEMA ANIVERSÁRIO Quando foi mesmo... Que de tuas mãos nasceram flores, florestas? Quando foi que , De tuas mãos nasceram cores ou sons de orquestras? Quando foi que, De teus olhos nasceram pedras? Será que foi ontem ou sempre? Quando foi mesmo , Que você nasceu da semente! Acho que sei.... Foi no primeiro riso amigo.... Foi no seu primeiro pranto só, Enquanto nos seus olhos nascia um rio, Terminante de dó! Madame Sorriso *****

VITOR CINTRA " Poente "

POENTE A tarde finda, Num pôr-de-sol Que brilha ainda. A alma, Onde a saudade impera, Desespera. Presente, Um rol De marcas e sinais, Dos quais A nostalgia Se evidencia, Se sente. Na tarde calma, Enquanto o sol se perde Num mar, que ferve, Avermelando o céu, Aumenta a dor Do amor, Que se perdeu. Vitor Cintra do livro " Contrastes "

Nilzeth Alcântara ***** LOUCURA *****

LOUCURA Buscando a loucura, Aprendi que ela é o elo mais forte ligando o coração à razão. Que mostra verdades sempre escondidas No ser de quem a possui. Enquanto Louca, posso te pedir amor. Posso dizer que te amo. Posso dizer que sou sua. Posso sonhar o teu sonho e suportar as tuas mentiras. Enquanto Louca, posso entender a tua frieza. E a distância dos nossos sentimentos. Que hora existe e que só vc não quer dizer. Posso até ver no teu olhar ausente, como não aprendeste a me amar. Só na Loucura encontro motivos necessários; Para te fazer notar que sou mulher, amante, brisa; E até o momento que precisas, para viver. Mas..... como Louca.... ah! Como te fazer entender. Serei mesmo uma Louca??? Nilzeth Alcântara

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO " Inquietude "

INQUIETUDE Que julgas tu? Que pensas de ti mesmo, Se és átomo que segue para o nada? A vida é esta triste caminhada Que fazemos, em vão, sem norte, a esmo! Que pensas tu da vida, se o amanhã É tão incerto, como o próprio vento? Surja embora a ventura, num momento, Se apaga como a estrela da manhã! Tão pouco vale o mundo de paixões Que se geram de loucas fantasias... Tudo se esfuma e esvai, nos breves dias, A que se prendem nossas ilusões! Abre os teus braços, abre, e beija e abraça Os pobres que encontrares no caminho, Que ficarão mais ricos de carinho, Mais cheios de ventura, Amor e Graça!.... Vamos lutando pela vida fora... Abre os teus braços, abre e vem comigo, Fazer de cada Ser um novo amigo E dar a cada norte nova aurora. Estende as tuas mãos aos que, a teu lado Caminham, sem destino e sem esperança... Que o desespero, quanto mais avança, Mais agiganta a mágoa do passado! A vida é isto apenas. Tudo o mais Não passará de sonhos, de ilusões... Olha

VICTORINO NEMÉSIO - Poemas

A Concha A minha casa é concha.Como os bichos Segreguei-a de mim com paciência: Fachada de marés,a sonhos e lixos, O horto e os muros só areia e ausência. Minha casa sou eu e os meus caprichos. O orgulho carregado de inocência Se às vezes dá uma varanda,vence-a O sal que os santos esboroou nos nichos. E telhados de vidro,e escadarias Frágeis,cobertas de hera,on bronze falso! Lareira aberta ao vento,as salas frias. A minha casa...Mas é outra história: Sou eu ao vento e à chuva,aqui descalço, Sentado numa pedra de memória. _______________________________________________________________ O recorte de um cão,na areia,ao luar, Seu passo imprime O cuidado miúdo e honesto de passar. Mas que tristeza oprime Tanto cão que vai uivar a tanta eira? Que longo e liso,o fio da noite! -E amar,esperar desta maneira! Numa cidade deserta (Talvez outra,ou Nínive) Encontrei um anel,uma oferta, Da vértebra de um cão, Para uma mulher que já não vive. Mas tudo isso foi em v

Principe " Em maresia "

Enrolados num beijo, Surdo e doce, Ficamos parados, Pregados, Imóveis.... O tempo pára. Nada existe, E só o nosso amor, Subsiste. Para a semana, Presta atençao ao mar... Vai á praia, Escuta o vento, Numa brisa de maresia. Vais sentir um beijo, Salgado... O meu. Como, Uma vaga que lambe, A areia fina da praia Numa noite de luar... Sob um céu estrelado... Ao longe, Ouve o sussurrar do mar E dois corpos nus Se envolvem Em maresia Atirando pedras no mar. Em cada rosto que se vai criar, Vejo o teu rosto formar, E tu voltando Pra eu te amar. Principe

PRINCIPE " Principio e Fim "

A tua ausência, Ainda que, Por breves instantes, Assalta a minha saudade. Nas nuvens, Que veem daí, Escrevem teu nome. As ondas , Na praia , Sussurram o teu nome. No mar... Os golfinhos, Falam- me de ti, Apaixonados Pela tua doçura Pela tua sensualidade, Por ti. Que bom seria sentir , O calor do teu colo, A doçura do teu embalo, O aconchego do teu peito. No Início.... És a minha musa inspiradora . No fim... Anseio que sejas... O meu porto de abrigo. Que uma vaga serena te embale Princesa! PRINCIPE

VITOR CINTRA " Renúncia "

RENÚNCIA Num instante, cruzado o olhar, Um desejo sublime surgia. Eras tu! Era a vida a chegar! E contigo um fulgor de alegria. O destino, por mero capricho, Ao manter-nos distantes, sabia Transformar sentimentos em lixo E a beleza de amar, sem valia. Em momentos difíceis da vida, Confundimos amor com carência, Descobrindo já tarde, querida, O dilema de ter consciência. O destino traiu-nos, amor; Acenou-nos de longe e fugiu, Sem recatos, vergonha, pudor, Como um sonho que é belo mas frio. Vitor Cintra " Momentos"

Voando...Sempre a Voar ...poema de ....FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA

VOANDO...SEMPRE A VOAR Quem me suspense da dor no ar vazio envolvido de ternura e de amor a tanta altura do mar? Quem estou sendo afinal se consigo suspender-me só no sempre tempo perdido voando...sempre a voar? Voando sempre a voar Da minha mente fiz asas do meu corpo o dia zero que nunca mais quis parar ! Então quem sou afinal se consegui suspender-me naquele tempo perdido voando sempre a voar até ao mundo abraçar? _ Consegui meter nos meus sonhos o todo em tempo limite do nada ao infinito e voando, voei voei até minh'alma prenhar para o vazio de amor encher.... DEZ.80

* Para Quê? * poema de JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO " Porquê? "

PARA QUÊ? Saí de mim em busca de ventura, Daquele bem que em vão idealizei Minha esperança fez-se mais escura Quando sem nada, nada, a mim voltei. De tudo que me inquieta e me tortura Do quanto eu cegamente acreditei, Apenas se mantém impune e pura Esta paixão que sempre te doei! E pergunto a mim mesmo para quê Se tenta crer no quanto se não vê, Se dentro em nós não arde, não aquece, A labareda ardente de um amor Capaz de transformar a própria dor Em alegria que jamais perece?! Lopes de Araújo " Horas Contadas

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO poema " FIM "

FIM Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza... A um morto nada se recusa E eu quero por força ir de burro! Mário de Sá-Carneiro

ANTÓNIO ALEIXO - " Quadras "

De te ver fiquei repeso, Em vez de ganhar perdi; Quis prender-te, fiquei preso, E não sei se te prendi. A comerçar pelo «urso» De Coimbra, a estudantada, Só quando se acaba o curso, Sabe que não sabe nada. Alheio ao significado, Diz o povo, e com razão, Quando ouve um grande aldrabão: _ Dava um bom advogado. Há tantos burros mandando Em homens de inteligência, Que às vezes fico pensando Que a burrice é uma ciência! Foste beijar o menino, Quando, afinal eu vi bem Que beijaste o pequenino Porque gostavas da mãe. Sem que o discurso eu pedisse, Ele falou; e eu escutei, Gostei do que ele não disse; Do que disse não gostei. Para não fazeres ofensas E teres dias felizes, Não digas tudo o que pensas, Mas pensa tudo o que dizes. Sei que pareço um ladrão... Mas há muitos que eu conheço Que não parecendo o que são, São aquilo que eu pareço. António Aleixo

" ONDAS " poema de Mitó Carreiro

Em espuma envolvidas, um dançar morno e dolente, as ondas enrolam, batidas, as vidas de tanta agente. Em barcos, segredos e medos embarcam pela madrugada. Nos rostos, curtidos de sol e de sal vai escrita a luta da vida. E no horizonte, onde a ténue luz do amanhecer , acasala, fogosa, com o mar, num amar delirante, os barcos rasgam mar adiante, em busca de pão, arrancando às ondas seus filhos paridos, em loucos bramidos. Na costa, alheias à luta do mar alto as ondas vêm beijar pés descalços que aguardam em sobressalto o regresso dos barcos. Numa cadência infinita, como em longa procissão, abraçam esperanças que brincam à beira de água como crianças e depois, umas atrás das outras, eternamente em cadeia, as ondas deixam o mar para vir morrer na areia. Mitó Carreiro

José Maria Lopes de Araújo - Poema " Remos Partidos "

Na crista das ondas, voguei Na barca da minha vida... Tinha largos horizontes, Mesmo de esperança perdida.... Depois, a brisa soprava.... E a barca, lenta, seguia.... Vagarosa navegava, E incerta, lá ia, lá ia, E nas ondas balançava... Mesmo de remos partidos, Ao sabor do mar corria... E assim, lá foi seguindo, E os anos foram passando.... Noites de luar sorrindo, Noites de Inverno chorando!... E a barca da vida lá ia, Lentamente navegando... Quebrado o leme, rota a vela, Remos partidos.....lá ia ela, Baloiçando, baloiçando, Levando a minha alegria! Vida sem norte e sem rumo! Sem forças para navegar, Trago meus remos partidos, Ando à deriva no mar, Num mar de sonhos perdidos Que jamais pude encontrar!... Trago meus remos partidos, E mais não posso avançar. E por isso ando cantando, Com vontade de chorar! Remos partidos São meus poemas.... Poemas caídos, Na crista das vagas, Vogando sozinhos, Perdidos no mar!....

Bluebird - Esta noite

Esta noite Vou ser pássaro, Vou voar Todo teu corpo, Minhas asas são de aço Tua pele de ferro e fogo Por isso vê ( que pena só ser em sonhos) Esta noite vou ser vento… E pousar no teu cabelo Vou ser mais que o pensamento Tu a força ,só segredo (Seras sempre o meu mais lindo sonho) Bluebird 2001.02.01

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO - Poema " Desalento"

DESALENTO Deixem-me caminhar, sem rumo certo, E sem o norte que eu, em vão, busquei!... Deixem-me só, que só, vivo mais perto Do Bem que loucamente abandonei! Não quero ouvir lamentos. Meu deserto De mágoa e de tormento eu o criei... Ergui barreiras, em caminho aberto, E o próprio chão, que percorri, manchei.... Que importa seja a dor do meu arrimo, Se, só com ela, atingirei o cimo Do Gólgota que Deus me destinou! Não me condenem! Deixem-me viver, Entregue à minha mágoa, ao meu sofrer, Que eu vivo bem assim, tal como sou!....

Fernando Monteiro da Câmara Pereira - Poema " Á Mulher de Branco "

Á MULHER DE BRANCO Mulher – sonho de casaco branco… que passas veloz, altiva no ecran da minha vida o teu corpo, a tua imagem restam sempre em mim presente! Mulher-desejo de casaco branco… que fazes brotar de amor p’lo tempo do além fora como em tempo o sol nascente me fez nascer outrora! Mulher – distante de casaco branco… que passas em sonho, triste no meu corpo todo ardente não fujas tão de repente da minha alma sempre só! Mulher-fumo de casaco branco… pára em mim toda a nascente seja longo o teu percurso faz brotar o teu amor no delta do meu poente! Mulher – nada De casaco branco… Que rasgas o meu horizonte Sem de mim ter feito eco Não fujas Lá para o distante Não deixes meu ser ausente… Oh instante angustiado Ficarei sozinho na dor Por te ter querido amar Em meu longo sonho distante! Ficarei sozinho na dor Em sonho, desejo e fumo… Mar.81

KALINAS - " Porque Gosto de Ti"

Porque gosto de ti? Porquê? Porque te quero e te desejo! Muito…! Porque, te ofereço flores, Porque, te transformo numa flor… Perfumada e bela, Cheia de cores, Porque, és a flor mais bonita Deste meu jardim, A mais bela e vistosa, A mais virtuosa… A que me dá mais prazer, Aquela que quero cheirar E olhar… Roçar nas tuas pétalas Deixar o meu pólen, Nos teus estigmas, Polinizar-te, Com o meu sémen Criar… Viver… E depois morrer! KALINAS

KALINAS * Alucinação*

Dançando, Rodopiamos pelo salão antigo. Revestido a ébano, Candelabros de velas acesas, Exalam perfume, E nos embriagam. Enquanto rodopiamos, Rocei a minha perna na tua, Enquanto me inebriava, Com o nosso odor. Cheiramo-nos; Roçamos nossos ventres, Desinquietos. Sentimos; Em suor, Aquele percurso Que ondeia nossos corpos. Roçamos nossos ventres, Excitados, Molhados, Desejosos de paixão. Olhei de novo o salão, Fiquei a dançar sozinho. Agarrado ao vácuo… Em depressão, Que não arde, Nem queima Só arde com a paixão Da tua entrega. Com a passagem, Do meu desejo, No teu desejo. Kalinas

* RETORNO *JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

Longe, lá longe no horizonte O Sol surgiu ardente, claro e quente, Enquanto iam chamando, toda a gente O mar calmo, a nascente e até a fonte. Nos planaltos, e desde o vale ao monte, Sopra uma aragem leve, leve e quente, A acariciar os rostos, docemente, Como a brisa, ao longo duma ponte. Não há grilos cantando, nos caminhos, E o alegre chilrear dos passarinhos Calou-se nas ravinas dos valados… A noite desce lenta, e hora a hora Volta o silêncio que é mais triste agora E me leva ao tormento do passado! José Maria Lopes de Araújo

LAMENTO - desconheço o autor

Lamento que o abraço Não passasse de duas linhas; Lamento que o encontro Não tivesse acontecido; Lamento dizer que lamento E lamento o sucedido; Lamento... Lamento que o "Barco" Tomasse outro rumo, por força do destino; Lamento que as asas do tempo O tivessem deixado voar; Lamento que a distância aumentasse Com a ausência do azul do mar; Lamento... Lamento... Que a distância de mim; Lamento... Lamento o FIM.

FERNANDO SABINO - Poema " De Tudo Ficaram Três Coisas "

De tudo ficaram três coisas: A certeza de que estamos começando, A certeza de que é preciso continuar e A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar Fazer da interrupção um caminho novo, Fazer da queda um passo de dança, Do medo uma escola, Do sonho uma ponte, Da procura um encontro, E assim terá valido a pena existir! FERNANDO SABINO do livro "Encontro Marcado" NOTA: Fica a correcção do verdadeiro autor deste belo poema " FERNANDO SABINO "

AÇORES.... poema de ...VITOR CINTRA do Livro " Relances "

** AÇORES ** Nove ilhas de beleza deslumbrante, Surgidas do profundo mar imenso, Que o mundo conheceu porque o Infante Tornou o nevoeiro menos denso. Encostas de mosaicos verdejantes Elevam-se, rumando ao infinito, Hortênsias, feitas sebe, são constantes, Tornando o colorido mais bonito. Ali, onde gigantes residiram, Os cumes das montanhas que explodiram, Tornados em lagoas de beleza, Relembram aos herdeiros dos atlantes Que até já os primeiros navegantes Sabiam respeitar a Natureza. (Vítor Cintra, em RELANCES)

BLUEBIRD " BERÇO DE PÉTALAS "

** Poema para uma Concha ** Em um berço de pétalas, me fizeste deitar E entre carícias apaixonadas E o perfume das violetas, Conheci o amor, E enquanto brincavas comigo e as flores, Com tanta graça e sensulidade, Descobri que és a mulher... Que fugiu dos meus sonhos, E se tornou realidade ...Quem me dera !! Bluebird