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A mostrar mensagens de abril, 2004

" ONDAS " poema de Mitó Carreiro

Em espuma envolvidas, um dançar morno e dolente, as ondas enrolam, batidas, as vidas de tanta agente. Em barcos, segredos e medos embarcam pela madrugada. Nos rostos, curtidos de sol e de sal vai escrita a luta da vida. E no horizonte, onde a ténue luz do amanhecer , acasala, fogosa, com o mar, num amar delirante, os barcos rasgam mar adiante, em busca de pão, arrancando às ondas seus filhos paridos, em loucos bramidos. Na costa, alheias à luta do mar alto as ondas vêm beijar pés descalços que aguardam em sobressalto o regresso dos barcos. Numa cadência infinita, como em longa procissão, abraçam esperanças que brincam à beira de água como crianças e depois, umas atrás das outras, eternamente em cadeia, as ondas deixam o mar para vir morrer na areia. Mitó Carreiro