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* OFICÍO DO AMOR * de Joan Salvat - Papasseit - Do Livro * ROSA DO MUNDO *

OFÍCIO DE AMOR


Se conheces o prazer, não escatimes o beijo
Pois o prazer de amar não comporta medida.
Deixa-te beijar e beija tu depois,
Que nos lábios sempre é onde o amor perdura.

Não beijes, não, como o escravo e o crente,
Mas como o viandante à fonte oferecida.
Deixa-te beijar – ardente sacrifício –
Quanto mais queima mais fiel é o beijo.

Que terias feito se tu morresses antes,
Sem mais fruto do que a aragem no rosto?
Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos
- amante ou amada – a taça muito alta.

Quando beijes, bebe, o copo sare o medo:
Beija no pescoço, o sítio mais formoso.
Deixa-te beijar,
E se ainda te apetece
Beija de novo, pois a vida é contada.



Tradução de : JOSÉ BENTO


Catalunha


JOAN SALVAT – PAPASSEIT
(1894-1924)

Comentários

  1. Um poema com muita riqueza de versos!
    Só a alma de um poeta podia escrever!

    Obrigada por o partilhares aqui no teu espaço.

    Beijos da

    Maria

    ResponderEliminar
  2. Belíssimo!

    Obrigado pela tradução
    do ilustre José Bento.

    aqui o poema musicado:

    ResponderEliminar

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