“ A vida é de facto feita de momentos, que a marcam e a definem que a temperam e agitam, que lhe dão cor e direcção” .
Esperava, de pé, na calçada do passeio, na beira da marginal, duma cidade à beira mar.
Nas suas costas o oceano, na sua frente um estádio de futebol.
Esperava por alguém que havia conhecido na net...
Um encontro igual a muitos outros milhões que diáriamente acontecem por esse mundo, das mais variadas formas, envolvendo pessoas tão diferentes e tão diversas que jamais aconteceriam duma forma convencional.
Era alta, esbelta, cabelo curto alourado de menina de colégio dos anos 60...ou 70, camisola de gola alta branca, com um casaco de cabedal por cima...calças de lycra azuis.
Foi ali que os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.
Atravessou decidida a estrada ao meu encontro.
Trazia nos olhos um brilhozinho estranho, no rosto um sorriso aberto e trocista a que a covinha na face dava relevo.
Na voz clara e bem timbrada, um nervosismo dissimulado na saudação "Olá ...".
No andar, um ar lascivo de fêmea envolto na inocência maravilhosa de menina.
Ela é isto mesmo, no carácter, na forma de sentir a vida, na forma de a analisar, na forma de a viver.
É uma mulher vibrante. É uma menina inocente.
Saí do carro ao seu encontro... o nosso primeiro contacto aconteceu ali mesmo, de pé, encostados à porta do carro.
Um aperto de mão, a dela tremia ligeiramente, a minha não sei...um beijo na face.
Saíram palavras nervosas, momentâneas, pela necessidade nata de falar, de dar som ao encontro.
Acho que estávamos ambos nervosos e ambos também tentando mostrar a maior naturalidade do mundo.
Eu já havia conhecido outras mulheres da net... encontros formais, daqueles que a gente sabe no primeiro instante que será o primeiro e o último, que só se alongam um pouco por delicadeza.
Neste caso a sensação, o impacto, foi outro, acho que ambos tivemos a sensação e a certeza que seria o primeiro entre muitos ao longo do tempo.
Deu a volta ao carro e entrou. Sentou-se e olhou-me séria.
Não entendi o olhar e pensei que estivesse a estudar-me, a pensar se teria ou não feito mal ao entrar no carro.
Parecia tranquila ao mesmo tempo,como se já me conhecesse há muito tempo.
Eu tinha nas minhas mãos uma flor em cristal que lhe havia trazido. Desembrulhei nervoso e dei-lha.
Pegou-lhe com as mãos, dedos longos e finos de mulher e olhou-a muito séria e o brilhozinho nos olhos acentuou-se.
Levantou os olhos para mim, parecia emocionada, mas pensei que esse olhar poderia igualmente ser de desilusão.
Disse-me: - “É linda ...sabes, o ramo de flores do meu casamento era de tulipas”.
Soube nesse momento que aquela flor feita em cristal era uma tulipa, vermelha.
Não percebia muito de flores, dos seus nomes. Só sabia do cheiro delas e de cores.
Gostei de ouvir aquilo, mas pensei igualmente que poderia estar a tentar ser delicada.
Ficámos calados e sérios por momentos e um beijo rolou...na boca...em silêncio, cuidadoso, delicado, nervoso.
Na rua, na frente do carro, uma senhora fina com um cão pela trela "copiava " a cena com um ar severo de reprovação, ou inveja.
Deixou-me intranquilo e tenso. Falámos, dizendo nada. Acho que esperando que o raio da mulher saísse dali...mas ela não saía.
Ficámos algum tempo, esperando não sei o quê; talvez que a mulher saísse, o que ela não fez.
Decidimos finalmente sair dali. O hotel não era alternativa por razões óbvias. Fomos embora sem destino nem direcção até que apareceu um parque de estacionamento onde entramos.
Comprei o bilhete ao que ela se opôs, achava que não era necessário.
Entrámos no parque. Paramos na sombra dum enorme paredão. Olhamos, não havia ninguém por ali. Aproveitamos e beijamo-nos de novo. Desta vez um beijo mais longo, descontraído, intenso.
Minhas mãos mexeram, no corpo, na pele, nos seios por cima da roupa. Tiraram a medida e gostaram. O prazer do toque excitou-me. Não aquela excitação primária do macho conquistando a fêmea, mas aquele tipo de sensação que funciona no corpo, na mente, na alma, como uma onda de ar morno num dia frio de inverno.
Não como se estivesse a explorar, mas sim como se estivesse a levar ao íntimo desta mulher um pouco do meu íntimo. Não como se estivesse a roubar, mas sim como se estivesse a oferecer.
Intímamente comecei a ficar tranquilo, deslumbrado, estupefacto com a entrega incondicional desta mulher que mal me conhecia.
Não entendia muito bem a situação nem fiz grande esforço para a entender.
Estava bem, feliz, tranquilo e sentia-a na mesma situação.
Minhas mãos ficaram mais ousadas, atrevidas, possessivas.
Procuraram a pele por debaixo da roupa.
Era lisa, macia, suave, quente.
Subiram.
Encontraram os seio, duros, belos. Nem grandes nem pequenos.
A minha medida. Das minhas mãos, do meu cérebro, do meu sonho.
Resistiu muito pouco ou nada.
Seu corpo respondeu ao meu toque. Deixou-se " banhar "pela onda que a arrastava para a profundeza do sentir, do gostar, da felicidade, da vida.
Ficámos ali algum tempo... saboreando o gosto da pele, o prazer da vida como ela se projecta na nossa frente.
Saímos do carro encostados. Perguntei-lhe o que procurava da vida, o que queria dela.
A resposta chegou depois de pensar um pouco..."Viver...sómente viver"...Entendi muito bem o desejo implícito na resposta: de ter acesso ao que nunca tivera, de procurar viver o que nunca vivera...de procurar sentir...o que nunca sentira.Saimos dali sem destino nem direcção,por entre carros que regressavam a casa,ao encontro da noite que corria vertiginosamente ao nosso encontro,brincando,falando,mexendo,quando o trânsito ficava retido,até que chegamos a outra praia já noite.
...E vivemos,sentimos tivemos acesso a tudo isso nas traseiras dum quiosque à beira mar, na noite escura e ventosa...na mesa dum restaurante junto a uma lareira apagada numa conversa amena e calma... na noite de chuva miudinha...no quarto do hotel onde a menina foi mulher e a mulher foi menina.
Deixei-a sózinha nessa noite e hoje sei, que quando a deixei ela já era uma pessoa importantíssima na minha vida...o principio do hoje havia começado nessas horas em que estivemos juntos e marcaram definitivamente o curso de nossas vidas.
Foi um momento,daqueles ficam na mente,na alma,na pele,para sempre. Foi um entre muitos que aconteceram ao longo dum ano, porventura mais intensos, porventura mais angustiados, porventura mais dramáticos.
Vivi...vivemos...pedaços de vida,pedaços de tempo,que decerto marcaram uma imagem que ficou como referência,pelo menos numa caminhada... Na Minha.
Aventura? Leviandade? Insensatez? Loucura?...não sei. Mas vida, sei que foi.Certamente...no mais alto nivel fisico,emocional,espiritual...
Autor Anónimo
Esperava, de pé, na calçada do passeio, na beira da marginal, duma cidade à beira mar.
Nas suas costas o oceano, na sua frente um estádio de futebol.
Esperava por alguém que havia conhecido na net...
Um encontro igual a muitos outros milhões que diáriamente acontecem por esse mundo, das mais variadas formas, envolvendo pessoas tão diferentes e tão diversas que jamais aconteceriam duma forma convencional.
Era alta, esbelta, cabelo curto alourado de menina de colégio dos anos 60...ou 70, camisola de gola alta branca, com um casaco de cabedal por cima...calças de lycra azuis.
Foi ali que os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.
Atravessou decidida a estrada ao meu encontro.
Trazia nos olhos um brilhozinho estranho, no rosto um sorriso aberto e trocista a que a covinha na face dava relevo.
Na voz clara e bem timbrada, um nervosismo dissimulado na saudação "Olá ...".
No andar, um ar lascivo de fêmea envolto na inocência maravilhosa de menina.
Ela é isto mesmo, no carácter, na forma de sentir a vida, na forma de a analisar, na forma de a viver.
É uma mulher vibrante. É uma menina inocente.
Saí do carro ao seu encontro... o nosso primeiro contacto aconteceu ali mesmo, de pé, encostados à porta do carro.
Um aperto de mão, a dela tremia ligeiramente, a minha não sei...um beijo na face.
Saíram palavras nervosas, momentâneas, pela necessidade nata de falar, de dar som ao encontro.
Acho que estávamos ambos nervosos e ambos também tentando mostrar a maior naturalidade do mundo.
Eu já havia conhecido outras mulheres da net... encontros formais, daqueles que a gente sabe no primeiro instante que será o primeiro e o último, que só se alongam um pouco por delicadeza.
Neste caso a sensação, o impacto, foi outro, acho que ambos tivemos a sensação e a certeza que seria o primeiro entre muitos ao longo do tempo.
Deu a volta ao carro e entrou. Sentou-se e olhou-me séria.
Não entendi o olhar e pensei que estivesse a estudar-me, a pensar se teria ou não feito mal ao entrar no carro.
Parecia tranquila ao mesmo tempo,como se já me conhecesse há muito tempo.
Eu tinha nas minhas mãos uma flor em cristal que lhe havia trazido. Desembrulhei nervoso e dei-lha.
Pegou-lhe com as mãos, dedos longos e finos de mulher e olhou-a muito séria e o brilhozinho nos olhos acentuou-se.
Levantou os olhos para mim, parecia emocionada, mas pensei que esse olhar poderia igualmente ser de desilusão.
Disse-me: - “É linda ...sabes, o ramo de flores do meu casamento era de tulipas”.
Soube nesse momento que aquela flor feita em cristal era uma tulipa, vermelha.
Não percebia muito de flores, dos seus nomes. Só sabia do cheiro delas e de cores.
Gostei de ouvir aquilo, mas pensei igualmente que poderia estar a tentar ser delicada.
Ficámos calados e sérios por momentos e um beijo rolou...na boca...em silêncio, cuidadoso, delicado, nervoso.
Na rua, na frente do carro, uma senhora fina com um cão pela trela "copiava " a cena com um ar severo de reprovação, ou inveja.
Deixou-me intranquilo e tenso. Falámos, dizendo nada. Acho que esperando que o raio da mulher saísse dali...mas ela não saía.
Ficámos algum tempo, esperando não sei o quê; talvez que a mulher saísse, o que ela não fez.
Decidimos finalmente sair dali. O hotel não era alternativa por razões óbvias. Fomos embora sem destino nem direcção até que apareceu um parque de estacionamento onde entramos.
Comprei o bilhete ao que ela se opôs, achava que não era necessário.
Entrámos no parque. Paramos na sombra dum enorme paredão. Olhamos, não havia ninguém por ali. Aproveitamos e beijamo-nos de novo. Desta vez um beijo mais longo, descontraído, intenso.
Minhas mãos mexeram, no corpo, na pele, nos seios por cima da roupa. Tiraram a medida e gostaram. O prazer do toque excitou-me. Não aquela excitação primária do macho conquistando a fêmea, mas aquele tipo de sensação que funciona no corpo, na mente, na alma, como uma onda de ar morno num dia frio de inverno.
Não como se estivesse a explorar, mas sim como se estivesse a levar ao íntimo desta mulher um pouco do meu íntimo. Não como se estivesse a roubar, mas sim como se estivesse a oferecer.
Intímamente comecei a ficar tranquilo, deslumbrado, estupefacto com a entrega incondicional desta mulher que mal me conhecia.
Não entendia muito bem a situação nem fiz grande esforço para a entender.
Estava bem, feliz, tranquilo e sentia-a na mesma situação.
Minhas mãos ficaram mais ousadas, atrevidas, possessivas.
Procuraram a pele por debaixo da roupa.
Era lisa, macia, suave, quente.
Subiram.
Encontraram os seio, duros, belos. Nem grandes nem pequenos.
A minha medida. Das minhas mãos, do meu cérebro, do meu sonho.
Resistiu muito pouco ou nada.
Seu corpo respondeu ao meu toque. Deixou-se " banhar "pela onda que a arrastava para a profundeza do sentir, do gostar, da felicidade, da vida.
Ficámos ali algum tempo... saboreando o gosto da pele, o prazer da vida como ela se projecta na nossa frente.
Saímos do carro encostados. Perguntei-lhe o que procurava da vida, o que queria dela.
A resposta chegou depois de pensar um pouco..."Viver...sómente viver"...Entendi muito bem o desejo implícito na resposta: de ter acesso ao que nunca tivera, de procurar viver o que nunca vivera...de procurar sentir...o que nunca sentira.Saimos dali sem destino nem direcção,por entre carros que regressavam a casa,ao encontro da noite que corria vertiginosamente ao nosso encontro,brincando,falando,mexendo,quando o trânsito ficava retido,até que chegamos a outra praia já noite.
...E vivemos,sentimos tivemos acesso a tudo isso nas traseiras dum quiosque à beira mar, na noite escura e ventosa...na mesa dum restaurante junto a uma lareira apagada numa conversa amena e calma... na noite de chuva miudinha...no quarto do hotel onde a menina foi mulher e a mulher foi menina.
Deixei-a sózinha nessa noite e hoje sei, que quando a deixei ela já era uma pessoa importantíssima na minha vida...o principio do hoje havia começado nessas horas em que estivemos juntos e marcaram definitivamente o curso de nossas vidas.
Foi um momento,daqueles ficam na mente,na alma,na pele,para sempre. Foi um entre muitos que aconteceram ao longo dum ano, porventura mais intensos, porventura mais angustiados, porventura mais dramáticos.
Vivi...vivemos...pedaços de vida,pedaços de tempo,que decerto marcaram uma imagem que ficou como referência,pelo menos numa caminhada... Na Minha.
Aventura? Leviandade? Insensatez? Loucura?...não sei. Mas vida, sei que foi.Certamente...no mais alto nivel fisico,emocional,espiritual...
Autor Anónimo
Texto magnifico. Adorei.
ResponderEliminarOs momentos pelos quais passamos são para serem recordados mais tarde.
Beijos. E claro que me podes linkar;).
Agradeço as tuas palavras tão gentis. Muito!...
ResponderEliminarOs teus textos magníficos são fragmentos de vida que suscitam sempre a reflexão. EXCELENTE.
Bjs
Ah! Claro que podes linkar o meu blog. É uma honra!
ResponderEliminarVoltei!
ResponderEliminarÉ de facto uma história muito apixinante e que todos sonhamos em viver!É engraçado como tu te lembras de todos os pormenores...e se os recordas é porque ela fez correr com muita intensidade o sangue pelas tuas veias!E essa sensação é única,cada pessoa faz circular o nosso sangue de maneira diferente!É estranha a sensação, mas é boa:-P
Mas por mais que te tenhas sentido leve, por mais que tenha sido algo intenso, acho que deverias falar mais no que se passou com o teu corpo e não com o dela, porque estás a falar de uma intimidade que não é tua!`
É um conselho de amiga...
Ah e podes linkar o meu blog...
Porta te bem mal...
Muito belas estas palavras, cheias de intensidade. Fica bem
ResponderEliminarRepleto de vida e intensidade. Gostei imenso do texto. Beijinho e bom fim de semana.
ResponderEliminarEste texto é muito intenso e escrito com muita delicadesa e "paixão".é extramamente belissimo.
ResponderEliminaré bom termos momentos assim para o todo sempre recordar.
beijinhos e bom fim de semana:)
É mesmo assim a nossa Vida.. Feita de momentos que servem de apoio a futuras recordações de tempos idos.. Bom fim de semana!**M.P.
ResponderEliminarBelissimo texto...retratando uma realidade cada vez mais actual. Adorei...teu blog é muito intenso, como é intensa a alma de um poeta.Angelis (http://pedevento2004.blogs.sapo.pt e http://pipocaecompanhia.blogs.sapo.pt)
ResponderEliminarRomântico!..Uma história intensa e cheia de sensibilidade, sensualidade e aventura.Existem momentos que nunca esquecem... apesar de ser uma incógnita estes encontros, também são aqueles que são mais intensos e apaixonantes.Arte por um Canudo
ResponderEliminarEncontro(s) assim...quem os não tem (teve)? Dia passado ou presente...para sempre na mente. Adorei. Retribuo e agradeço a visita ao meu blog. Fico honrado. Prometo voltar. Um beijo do aflores/ailaife blog
ResponderEliminarAlma de Poeta, obrigado pelo Link e pela visita.O Link Arte por um Canudo não está correcto: http://www.evtagostinho.blogs.sapo.pt
ResponderEliminarDesculpa por ser aqui.
As memórias são o nosso mais precioso património. Congratulo-me sempre que encontro algum ser tão doce como este no universo... no texto sente-se a brisa, ouve-se o mar, toca-se a pele. Grandiosos afecto para morrer na areia duma praia qualquer...
ResponderEliminarUm abraço ao autor do post.
Hoje vim aqui apenas para desejar um Bom Natal e uma BOa entrada para todos vocês:_p
ResponderEliminarNão se esqueçam que é aqui nos encontramos para o Ano que vem:-P
Se quizerem visitar o meu blog aqui fica o meu enderço
http://antecuva.blogspot.com
Bebi este texto...especialíssimo!
ResponderEliminarSó uma pessoa tão ESPECIAL sabe falar de momentos tão ESPECIAIS com uma sensibilidade e delicadeza tão ESPECIAIS!
Gostei mesmo!
Beijo
Rio-Azul
Oi Alma de poeta...eu sei, eu sei que sou uma amiga desnaturada, só agora te vim desejar um BOM ANO NOVO...DESCULPA!
ResponderEliminarSê feliz neste novo ano
bjocas