Avançar para o conteúdo principal

POEMAS DE AMOR do Livro " A Rosa do Mundo "


ELE :


Quando embriagada pelo doce vinho
viu os arranhões de amor
que ela mesma me infligira
partiu ofuscada pelo ciúme
Tomando-a pela franja do seu sari
detive-a ... Como esquecê-la
quando me disse : “ Deixa-me,deixa-me! ”
olhando para trás
os olhos cheios de lágrimas
os lábios tremendo de despeito



O POETA :


Os amantes
arrastados pela torrente do seu amor
e contidos pelo dique
das pessoas mais velhas da casa
estão ainda juntos
mas não podem satisfazer os seus desejos
Imóveis como se tivessem sido pintados
bebem o néctar da paixão
com que os brindam os negros lótus dos seus olhos


ELA A UMA AMIGA:

Quando o meu amante se deitou a meu lado
por si só se desprendeu o meu cinto
e mal suspenso da cintura
o vestido deslizou-me pelos quadris
É a única coisa que sei
pois mal senti o contacto do seu corpo
de tudo me esqueci:
de quem era ele
de quem era eu
de como foi o nosso prazer


ELE :


Esmagados contra o meu peito
os seus seios estremecem. Entre as suas coxas
flui a seiva doce do amor...
“ Não, outra vez não... Deixa-me descansar...”
E aos sussurros sucedem-se
as súplicas e às súplicas os suspiros
e aos suspiros o silêncio...
Terá adormecido? Estará a agonizar?
Ou serei eu que estou a sonhar?




Tradução Jorge Sousa Braga

do livro “ ROSA DO MUNDO – 2001 Poemas para o Futuro

Índia

AMARU ( sec. VII)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"PERDIDAMENTE" Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

" SANTA MARIA "
poema de * BEATRIZ BRAGA *

Ilha de S.Maria - Açores

Santa Maria, barco meu, que no oceano flutua. E nós, eu e tu à deriva, sem destino vamos como que a dar sentido, à minha sina... à tua ... És tudo p'ra mim, és a flor, és estrela, és jardim ... És sol, és lua, És meu lar, minha terra, meu mundo, minha vida, minha rua. Mas tu barco meu continuarás tua viagem, enquanto eu em breve te deixarei, pois sou uma simples tripulante, que por cá está de passagem. Mas o que importa, eu grito, grito-o com alegria: Sou filha tua, filha de Santa Maria, desse barco que flutua ! ... Autoria de : BEATRIZ BRAGA do Livro: " Musas da Minha Terra " de Adriano Ferreira

Não Posso Adiar.... A.RAMOS ROSA

Não posso adiar o amor para outro século Não posso Ainda que o grito sufoque na garganta Ainda que o ódio estale e crepite e arda Sob montanhas cinzentas E montanhas cinzentas Não posso adiar este abraço Que é uma arma de dois gumes Amor e ódio Não posso adiar Ainda que a noite pese séculos sobre as costas E a aurora indecisa demore Não posso adiar para outro século a minha vida Nem o meu amor Nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração A.RAMOS ROSA