Pergunto a mim próprio se existo,
ou se apenas resisto às mais doces tempestades;
poço de mentiras e verdades
em que teimosamente insisto.
Pergunto a mim mesmo se valho,
ou se apenas resvalo em delícias planas;
simples desflorador de camas,
ou singela gota de orvalho..
Pergunto a mim próprio se penso,
ou se só lanço a confusão;
se é líquida resignação,
ou os meus próprios medos venço..
Pergunto a mim mesmo se lido,
ou mergulho na preguiça;
se lidero a justiça,
ou se por ela fui vencido..
Pergunto a mim próprio se vivo
tal como a vida se imagina,
se antevê ou se alucina,
ou sou dela apenas cativo..
Pergunto, por fim, a mim próprio,
se perguntar a mim mesmo sei,
ou se, pelo contrário, herdei
o dom de ser um ser impróprio.
.
Poema de Luis Gabriel
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