Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luis Camões
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luis Camões
Um poema centenário, sempre tão atual, quando sofremos as perdas...
ResponderEliminarbeijos e lindo final de semana
O eterno e inesquecível soneto de Camões que os apaixonados declamam sempre.
ResponderEliminarSeu blog é todo ternura e graça. Belíssimo! Sigo-o a partir de agora.
Poético abraço de Gilbamar de Oliveira
Este soneto de Camões é paráfrase de um de Petrarca:
ResponderEliminarEsta alma gentil que partiu,
antes do tempo, chamada à outra vida,
terá no céu segura acolhida
terá do céu a mais beata parte.
Se ela ficar entre a terceira luz e Marte,
será a vista do sol descolorida
depois virá, toda alma ao céu subida
em torno dela olhar sua beleza infinita
Se pousar abaixo do quarto ninho,
nenhuma das três será mais bela,
que esta só, espalhada a fama e o grito;
No quinto giro não chegara ela;
mas se voar mais alto, em muito confio
ser vencido Júpiter e cada outra estrela.
No livro "Anomalias" publiquei a minha párafrase dos dois:
a minha alma gentil que parte agora
tão cedo deste mundo conturbado
repousa lá no céu e eu assustado
padeço cá na terra a triste hora.
bailando entre o poente e a aurora
não hás de te esquecer deste poeta
que por teu amor perdeu a meta
e mais daria se te tivesse agora.
se vires que mereço algum milagre
roga a deus, que te me roubou,
que torne logo em vinho este vinagre
devolvendo tudo o que me tirou
ou que transforme esta terra agre
no paraíso para onde te levou.
Beijos
Eh..
ResponderEliminarSo que o luso neste soneto dá de 10x0 no de Petrarca, facil.
O que devemos é agradecer ao Petrarco por ter fornecido a materia prima em estado bruto...
Afinal até newton precisou de um modesto agricultor que plantou uma maciera, que enfim tornou possivel a lei da gravitaçao universal. Nao é o que se diz? Si non e vero e monto bene trovatto.
Que maravilhoso, Fred!
ResponderEliminarFred, Amei
ResponderEliminarÉ muito muito lindo a versão de Camões. Parece ironia mas eu me vi declamando na despedida de quem amei tanto. . . .
ResponderEliminarLindo muito lindo a versão de Camoes
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