Naquele tempo
eu acreditava no amor
Deus era a própria natureza
o colibri a flor
tinha namorada
e lhe mandava uma margarida
e um poema de pura paixão
comia chocolates de amêndoas
nas tardes quentes de P.V
assistia o balé das andorinhas
tomando tacacá com murupi
caminhava feliz
mesmo com toda a ditadura
tinha cabelos compridos
desenhava cogumelos coloridos
com lápis de cera
e borboletas com hidrocores
depois as libertava na minha
imaginação
fumava meu cigarro industrial livremente
comia meu cachorro-quente alienado
com refrigerante artificial açucarado
andava pela estrada de ferro madeira-mamoré
curtia o pôr do sol no madeira
dançava com os botos encantados
encarnados pela água amarela
hoje não tenho mais namorada
apenas um mal me quer despetalado
afogado espetado no vaso
decaído pro lado da sombra
as andorinhas e os botos foram extintos
o Deus natureza foi morto na universidade
a democracia restringiu quase tudo
a madeira-mamoré e o pôr do sol no cai n’ água
foram apagados pelas hidrelétricas
e o amor se tornou um conceito inútil.
Luiz Alfredo.
Ah, Isabel, quanta beleza vc nos traz! obrigada!
ResponderEliminarSua amiga e admiradora dalém mar,
Maria Luiza