Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2007

A RECUSA DAS IMAGENS EVIDENTES poema de NATÁLIA CORREIA

Há noites que são feitas dos meus braços E um silêncio comum às violetas. E há sete luas que são sete traços De sete noites que nunca foram feitas. Há noites que levamos à cintura Como um cinto de grandes borboletas. E um risco a sangue na nossa carne escura Duma espada à bainha dum cometa. Há noites que nos deixam para trás Enrolados no nosso desencanto E cisnes brancos que só são iguais À mais longínqua onda do seu canto. Há noites que nos levam para onde O fantasma de nós fica mais perto; E é sempre a nossa voz que nos responde E só o nosso nome estava certo. Há noites que são lirios e são feras E a nossa exactidão de rosa vil Reconcilia no frio das esferas Os astros que se olham de perfil. Natália Correia

ÀS MÃES poema de Vitor Cintra

ÀS MÃES A mãe é, p'ra cada um, O maior ser de excepção, Com lugar no coração, Mais sagrado que nenhum. A mãe, é por mil razões, O padrão do Universo, Mesmo quando controverso Seu saber e decisões. São angústias que supera, Desencantos, até vícios, P'lo carinho que nos tem. Desde o ventre, que nos gera, Não se poupa a sacrifícios, Porque mãe, é sempre Mãe. VITOR CINTRA do livro " ECOS "

AMOR FILIAL de José Maria Lopes de Araújo

AMOR FILIAL É sempre ditosa e feliz Toda a mãe que um filho tem E que viver a vida quis Só para amar sua mãe... Ainda que, um dia, a parca O arranque do seu lar; Na alma da mãe fica a marca Dum amor que não tem par! Mãe, se é grande a tua dor Que se envolve em negro véu ... É bem maior o amor Das filhas que tens no Céu ! JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO do livro " Labaredas "

TU ? ... Poema de José Maria Lopes de Araújo

Tu, E a outra, E mais a outra, E quantas conheci, São todas iguais: - Mulheres …. Só mulheres, Simples, vulgares, banais, E nada, nada mais ! … Só por amar-te, Tanto e tanto, É que eu quisera dar-te - Louco sonhador – Um lar de encanto E arte, E poesia, E amor! … Mas, tu, Que nunca sofreste, Que nunca amaste, Que nunca sentiste a dor, E não choraste, E não conheceste o amor … Quem sabe, se és aquela que passou Há pouco, de mim perto, e que me olhou Como quem compreende o que padeço? - Sei lá! Sei lá ! – Que me importa, lá saber! Apenas sei que há tanto ando a sofrer, Por ti, mulher que adoro e não conheço !... José Maria Lopes de Araújo

BEIJO poema de Manuel Altolaguirre "Espanha"

BEIJO Que só estavas por dentro ! Quando surgi em teus lábios, um rubro túnel de sangue triste e escuro mergulhava até ao fim da tua alma. Quando penetrou meu beijo, seu calor, sua luz davam sobressaltos e tremores à tua carne surpreendida. Desde esse instante os caminhos que levam à tua alma mão queres que estejam desertos. Quantas flechas, peixes, pássaros Quantas carícias e beijos ! Tradução de : José Bento