Não chegamos onde estamos por mero acaso,não brotamos do vento,nem do mar nem do ar.
A nossa caminhada foi uma jornada repetida ao longo de todos os dias que vivemos, de todos os momentos que passamos, bons e maus, e foram eles juntamente com as pessoas com quem nos cruzamos que nos fizeram o que somos, que são a nossa história.
A minha é igual a tantas outras, com mais baixos do que altos,com mais trevas do que luz, mas é essencialmente uma história dum menino pobre, nascido duma família humilde mas orgulhosa, numa época difícil, numa aldeia pequena, entre duas montanhas, onde o vento norte sopra frio e forte.
É a história de alguém que ousou desafiar o mundo, olhar em frente e nunca deixar o sonho morrer, a adversidade vence-lo.
É a historia da determinacão, da teimosia, do firmar dos pés no chão e da alma no horizonte distante e correr ao seu encontro indiferente as dificuldades,as barreiras sociais e físicas, ao remar contra a maré no mar revolto da vida…
Vou abrir-me contigo, despir o meu intimo, abrir a minha alma. Vou abri-la para ti, mas para mim também.
Não me lembro de ter nascido, mas sei o dia em que foi, a hora também não sei, mas deve ter sido de noite.
A memória mais antiga que tenho é a das minhas primas a pentearem-me constantantemente,acho que tinha longos cabelos louros e para elas devia ser uma espécie de boneca com quem elas brincavam.
Creio que a parte do meu temperamento dócil e suave devo a elas,a outra a meus irmãos mais velhos que eram uns duros, única forma de sobreviver com alguma dignidade numa época de brigões e onde os fracos não tinham hipóteses.
Lembro-me também do meu baptismo na dura subida da vida, da primeira vez que subi a montanha sózinho cuidando das ovelhas .
A vida era difícil, cruel, e todos tinham que contribuir com a sua parte no esquema social da casa humilde. Todos tinham de trabalhar.
Ainda não andava na escola quando subi pela primeira vez à montanha sózinho e foi difícil …muito difícil.
A montanha era íngreme, as pernas pequenas,o peito também, para aguentar todo o oxigénio necessário para correr atrás das ovelhas que não me ligavam nenhuma .
Tinha medo,frio e fome, mas também a determinacão e o orgulho de fazer a minha parte, de contribuir para aliviar um pouco as dificuldades imensas, sobretudo , as da minha mãe.
Foi penosa a subida, mas finalmente cheguei lá acima e quando olhei para baixo senti- me o rei do mundo, e esqueci rápidamente do frio , do medo e da fome.
A paisagem era avassaladora.
Amontoados de casas semeadas pela imensa vastidão a meus pés, metidas no verde da floresta de pinheiros, eucaliptos e oliveiras, muitas oliveiras espalhadas a perder de vista, até onde a vista podia alcançar.
Foi aí, e nesse momento que os olhos e a alma do menino nasceram para o sonho, para o desejo determinado de alcançar e ultrapassar o horizonte distante.
Foi ai também, que a caminhada do menino na vida se começou a desenhar sózinho...sempre sózinho,e ainda continuo sózinho e orgulhoso como sempre,das minhas raizes,da minha estrutura, da minha natureza.
E foi assim que tudo começou,naquela tarde de Outono chuvosa e fria,de chuva miudinha, de vento forte do norte,de nuvens deslizando velozmente no céu, ora cinzento , ora azul cintilante no momento seguinte.
Aquela montanha tornou-se nesse dia, uma referência fundamental na minha vida.Um lugar de culto para a minha alma.Um marco fundamental na minha estrutura .
Foi minha aventura em menino,foi meu abrigo em adolescente,foi meu horizonte e minha meta em cidadão dum mundo enquanto viajava e conhecia outros mundos e outras gentes,outras paragens,outras realidades.Jamais deixou de estar comigo,e nunca mais vai deixar de estar.
Ás 7:15h da manhã de hoje,estava lá sentindo na pele a humidade que se levantava da terra ontem ressequida,hoje saciada pela chuva que caiu de noite.
É um local fabuloso,o miradouro priveligiado do Ribatejo, teras de ir lá um dia,ou uma noite.É sempre lindo!
Sabes,somos na vida a primeira coisa que fizemos,o que veio depois tornou-se sómente o enriquecer dessa primeira experiência, mais um degrau,mais uma etapa,mais um passo na direccão do horizonte cintilante do destino.
E o destino é feito todos os dias,em cada episódio que nos acontece,em cada projecto que começamos,em cada momento que se inventa,num sorriso e numa lágrima,numa ilusão e num desgosto,numa vitória e numa derrota.
É feito em cada flor que desponta,em cada fruto que amadurece,em cada tempestade que chega em cada jardim que floresce.
É feito em cada descoberta que fizemos,em cada encontro imprevisto que nos aparece pela frente..
Américo
A nossa caminhada foi uma jornada repetida ao longo de todos os dias que vivemos, de todos os momentos que passamos, bons e maus, e foram eles juntamente com as pessoas com quem nos cruzamos que nos fizeram o que somos, que são a nossa história.
A minha é igual a tantas outras, com mais baixos do que altos,com mais trevas do que luz, mas é essencialmente uma história dum menino pobre, nascido duma família humilde mas orgulhosa, numa época difícil, numa aldeia pequena, entre duas montanhas, onde o vento norte sopra frio e forte.
É a história de alguém que ousou desafiar o mundo, olhar em frente e nunca deixar o sonho morrer, a adversidade vence-lo.
É a historia da determinacão, da teimosia, do firmar dos pés no chão e da alma no horizonte distante e correr ao seu encontro indiferente as dificuldades,as barreiras sociais e físicas, ao remar contra a maré no mar revolto da vida…
Vou abrir-me contigo, despir o meu intimo, abrir a minha alma. Vou abri-la para ti, mas para mim também.
Não me lembro de ter nascido, mas sei o dia em que foi, a hora também não sei, mas deve ter sido de noite.
A memória mais antiga que tenho é a das minhas primas a pentearem-me constantantemente,acho que tinha longos cabelos louros e para elas devia ser uma espécie de boneca com quem elas brincavam.
Creio que a parte do meu temperamento dócil e suave devo a elas,a outra a meus irmãos mais velhos que eram uns duros, única forma de sobreviver com alguma dignidade numa época de brigões e onde os fracos não tinham hipóteses.
Lembro-me também do meu baptismo na dura subida da vida, da primeira vez que subi a montanha sózinho cuidando das ovelhas .
A vida era difícil, cruel, e todos tinham que contribuir com a sua parte no esquema social da casa humilde. Todos tinham de trabalhar.
Ainda não andava na escola quando subi pela primeira vez à montanha sózinho e foi difícil …muito difícil.
A montanha era íngreme, as pernas pequenas,o peito também, para aguentar todo o oxigénio necessário para correr atrás das ovelhas que não me ligavam nenhuma .
Tinha medo,frio e fome, mas também a determinacão e o orgulho de fazer a minha parte, de contribuir para aliviar um pouco as dificuldades imensas, sobretudo , as da minha mãe.
Foi penosa a subida, mas finalmente cheguei lá acima e quando olhei para baixo senti- me o rei do mundo, e esqueci rápidamente do frio , do medo e da fome.
A paisagem era avassaladora.
Amontoados de casas semeadas pela imensa vastidão a meus pés, metidas no verde da floresta de pinheiros, eucaliptos e oliveiras, muitas oliveiras espalhadas a perder de vista, até onde a vista podia alcançar.
Foi aí, e nesse momento que os olhos e a alma do menino nasceram para o sonho, para o desejo determinado de alcançar e ultrapassar o horizonte distante.
Foi ai também, que a caminhada do menino na vida se começou a desenhar sózinho...sempre sózinho,e ainda continuo sózinho e orgulhoso como sempre,das minhas raizes,da minha estrutura, da minha natureza.
E foi assim que tudo começou,naquela tarde de Outono chuvosa e fria,de chuva miudinha, de vento forte do norte,de nuvens deslizando velozmente no céu, ora cinzento , ora azul cintilante no momento seguinte.
Aquela montanha tornou-se nesse dia, uma referência fundamental na minha vida.Um lugar de culto para a minha alma.Um marco fundamental na minha estrutura .
Foi minha aventura em menino,foi meu abrigo em adolescente,foi meu horizonte e minha meta em cidadão dum mundo enquanto viajava e conhecia outros mundos e outras gentes,outras paragens,outras realidades.Jamais deixou de estar comigo,e nunca mais vai deixar de estar.
Ás 7:15h da manhã de hoje,estava lá sentindo na pele a humidade que se levantava da terra ontem ressequida,hoje saciada pela chuva que caiu de noite.
É um local fabuloso,o miradouro priveligiado do Ribatejo, teras de ir lá um dia,ou uma noite.É sempre lindo!
Sabes,somos na vida a primeira coisa que fizemos,o que veio depois tornou-se sómente o enriquecer dessa primeira experiência, mais um degrau,mais uma etapa,mais um passo na direccão do horizonte cintilante do destino.
E o destino é feito todos os dias,em cada episódio que nos acontece,em cada projecto que começamos,em cada momento que se inventa,num sorriso e numa lágrima,numa ilusão e num desgosto,numa vitória e numa derrota.
É feito em cada flor que desponta,em cada fruto que amadurece,em cada tempestade que chega em cada jardim que floresce.
É feito em cada descoberta que fizemos,em cada encontro imprevisto que nos aparece pela frente..
Américo
Um texto cheio de sensibilidade e uma grande homenagem à força do ser humano para escalar e vencer as montanhas da vidas! :)
ResponderEliminarFrancisco
Um grande lição de vida que deve ser lida e entendida por todos...
ResponderEliminarEsta é uma história maravilhosa de força e coragem e humilde, parabéns ao protagonista e a ti que tens a sorte de o ter como amigo.
ResponderEliminarbjs
mistery
Belo texto, muita sensibilidade, e muito bem escrito.
ResponderEliminarOi amigo ...obrigado pelo elogio ....que vindo de que escrevo como tu escreves tem um valor especial (o teu blog é o preferido da minha mulher, não passa um dia qeu não vá ler os teus textos)...só hoje arranjei um tempo para te linkar ....agora posso voltar tambem eu mais vezes...abraço e bom fim de semana
ResponderEliminarARTUR
Uma grande lição de vida esta que o teu amigo nos dá. Ele é uma pessoa especial, mas tu também. Pela amizade, solidariedade e homenagem que lhe prestas. Um bem haja aos dois.
ResponderEliminarP.S. Obrigada pelo poema, tocou-me no fundo da alma.
Beijinho e bom fim-de-semana
Que bela lição! parabéns a ti por a contares e ao Américo por ser assim!
ResponderEliminarComo uma vida simples pode ser tão bela, fiquei parado apenas a ler e maravilhado fiquei quando terminei.
ResponderEliminarHist´ria contada com o coração! Saga de quem sonha e que luta para a realidade ser esse sonho! **M.P.
ResponderEliminarComo a simplicidade de uma vida e as primeiras responsabilidades assumidas se tornam numa lição a ler e aprender bem! Obrigada ao teu amigo por ter contado a sua história e a ti por a partilhares connosco. beijos
ResponderEliminarSimplesmente lindo!
ResponderEliminarFez-me voltar aos tempos da minha aldeia e nada acontece ao acaso...
É francamente emocionada que deixo o meu xi-coração .
Rio-Azul
:)*