Quis-nos aos dois enlaçados
meu amor ao lusco-fusco
mas sem saber o que busco:
há poentes desolados
e o vento às vezes é brusco
Nem o cheiro a maresia
rebate nas marés
na costa de lés a lés
mais tempo nos duraria
do que a espuma a nossos pés
A vida no sol-poente
fica assim num triste enleio
entre melindre e receio
de que a sombra se acrescente
e nós perdidos no meio
Sem perdão e sem disfarce,
sem deixar uma pegada
por sobre a areia molhada,
a ver o dia apagar-se
e a noite feita de nada
Por isso afinal não quero
ir contigo ao lusco-fusco,
meu amor, nem é sincero
fingir eu que assim te espero,
sem saber bem o que busco.
Vasco Graça Moura
"Antologia dos Sessenta Anos"
sem saber bem o que busco.
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A indefinição da existência!...
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Felicidades.
Manuel
A palavra é nova> insinceridade, mas coube bem nestes versos. Muito bonito!
ResponderEliminarbeijo, ótimo domingo
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