DA NOITE DE NATAL Gelada rua em que deste vida à saudade. Nem as pedras da casa onde despimos a família deserta e o desassossego das nossas consumições espalhadas nas poças de água e mágoa, levadas pelo vento oeste. Nem as folhas secas em São Francisco, caindo uma a uma, entre os barcos do peixe que o Inverno varou, medrosos e recolhidos no abraço da cruz. Há luzes no cruzeiro, cintilantes. Fazem lembrar faróis da América. Aquela que nos repartiu a urgência do regresso. E assim ficamos à espera na pequenez do compromisso. Na ânsia de te encontrar, perdi o sabor do rosto. Está escura a noite e pesarosos os sinos que me chamam no teu regaço. Para o abrigo da tua manta cor de anjo e de mistério. A missa do galo é na Silveira. Este ano é assim. Longe das nossas promessas. Longe dos nossos pecados. Inventaram um novo roteiro para recolhermos mais cedo na madrugada do menino. Cada um com o seu menino. Nem aqui, tão perto, o nosso beijar entre a manjedoura desfeita, a ...
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